Brasília – Com um dia de atraso, informo em primeira mão: a mais surpreendente notícia da Folha de S. Paulo desta terça-feira não estava na capa nem nas manchetes internas.
Saiu na última página do Caderno de Esportes. E não se tratava de uma reportagem, mas de um anúncio do portal UOL, da mesma empresa que edita a Folha.
O título é instigante:
“Você acha que a população do nordeste está menos online do que da do sudeste? Você está enganado”.
Em um anúncio de meia página do UOL, bravo concorrente do nosso iG, encontramos informações que poderiam ir para a manchete do jornal.
Com tanta notícia repetida que circula todo dia, o dia todo por todas as mídias, geralmente falando de desgraças e safadezas, o anúncio trazia uma novidade, quer dizer, algo que eu não sabia:
“A internet é hoje mídia nacional: a penetração nas principais praças do nordeste é similar à do sudeste e sul”.
Você sabia disso? Eu só fiquei sabendo à noite, ao ler o jornal no final de um dia de viagem a Brasília, no bar do hotel Meliá, ouvindo uma belíssima cantora, Larissa Vitorino, de quem também nunca tinha ouvido falar.
Me lembrou a Nara Leão do início da carreira, meiga e bela como sua voz, um banquinho e uma guitarra elétrica.
Mas voltando ao anúncio do UOL. Lá esta uma prova provada de que o Brasil não é mais o mesmo, no bom sentido:
“A penetração da Internet na cidade de São Paulo é de 39%. Já em Salvador atinge 41% e no Distrito Federal ultrapassa 50%. Anuncie na Internet: mídia nacional”.
Salvador mais internética do que São Paulo? Quem poderia imaginar uma coisa dessas cinco ou dez anos atrás?
A melhor explicação quem me deu para este Brasil ainda desconhecido para nós paulistas foi meu velho amigo Toninho Durmond, o homem da Globo em Brasília.
“A marca deste governo que vai ficar é a distribuição de renda”.
O engraçado é que ele me disse isso num longo e agradável papo que tivemos pela manhã, antes de eu encontrar este anúncio do UOL.
O gráfico que ilustra a peça publicitária mostra o aumento de penetração da internet fora do eixo Rio-São Paulo. Deixa claro também que temos hoje não só distribuição de renda entre as classes sociais, mas de riqueza entre as diferentes regiões do país.
A assinatura do anúncio é emblemática exatamente por ele ter sido publicado no jornal de papel de maior circulação do país:
“Anuncie na Internet – www.amidiaquemaiscresce.com.br”.
Deixando de lado o governo, sem entrar no Fla X Flu de quem é contra ou a favor do Lula, há um fato inegável: o Brasil de 2009 é outro país e o crescimento da internet é apenas um dos sinais desta mudança para melhor que muitos colegas da velha mídia ainda insistem em ignorar.
Somos hoje mais de 60 milhões de brasileiros ligados à grande rede, metade deles recém-chegados ao mercado consumidor.
Para saber como mudou a vida do país, seguindo os conselhos do mestre repórter Gay Talease, é preciso levantar a bunda da cadeira e sair por aí, desligar-se dos celulares e da própria internet, abrir os olhos e os ouvidos para depois poder contar as novidades.
O Brasil sempre me surpreende quando saio do meu mundinho de São Paulo e não levo meu laptop. Tem notícia nova no pedaço em todo lugar, todo dia. É só procurar, conversar com as pessoas, olhar em volta, sem teses pré-concebidas, sem preconceitos nem pensamentos únicos, sem pauta fechada, nem verdades absolutas.
Vale a pena tentar ver o Brasil de um outro jeito.
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