Samba no terreiro de Dona Dete

Outra parada da Caravana do 10º Mercado Cultural foi em uma região pouco habitada em Dário Meira, a cerca de 400 km de Salvador. O local tem inúmeras carências e um dos piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País. O ponto final, para ser mais exato, era o Terreiro da Dona Dete, onde rola um tradicional samba de caboclo – uma vertente do candomblé.
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Estima-se que o pequeno município baiano tenha algo em torno de 12 mil habitantes. Mesmo em uma segunda-feira, a circulação de pessoas é ínfima. E não há o que se fazer por lá mesmo. Até o comércio é mínimo. Centros culturais, então, nem pensar.

O caminho até o espaço de Dona Dete não foi de ônibus, mas em um pau de arara que levou aproximadamente 30 pessoas. Na boleia do decrépito e trêmulo caminhãozinho, baianos, paulistas, catarinenses, coreanos, austríacos e até poloneses. No olhar de todos, claro, um misto de surpresa e interrogação.

O trecho barrento era iluminado apenas pela luz de algumas poucas lâmpadas. As boas-vindas quem deu foi um grupo de músicos com chapéus tocando pífano, violão, pandeiro, zabumba. Era o Terno de Reis do Lagoão, de um vilarejo próximo. O grupo entoava sambas que abriam o rito de Dona Dete.

Somente os homens podiam seguir os músicos pela porta principal, até o terreiro. As mulheres entravam por outra porta, à direita. Lá dentro, os dois blocos se posicionaram nos dois lados do templo. Homens à direita e mulheres à esquerda. O samba seguia firme, enquanto as visitantes recebiam saias compridas e coloridas.

Em seguida, começou a batucada. As mulheres cantavam e dançavam em círculo, rodando a saia quando passavam diante dos tambores. Foram mais de duas horas de giros de saias coloridas, bênçãos, rezas, batucadas, sorrisos e cantorias. Lá fora, a chuva ia amaciando a sagrada terra que deixaria as botas pesadas de barro para o caminho até Valentim – próxima parada da caravana, que viria logo a seguir.

*Colaborou Débora Didonê

À procura da utopia perfeita

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