Quem passou pela movimentada Teodoro Sampaio, no trecho entre a rua Cunha Gago e a avenida Faria Lima, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na manhã dessa terça-feira (6) deve ter estranhado o chão de paralelepípedo e os trilhos que sobressaltavam o asfalto raspado. É difícil imaginar que há 100 anos, para ir dalí até o centro, o principal transporte coletivo da cidade era o folclórico bondinho.
“Essa linha é de 1909, pelos nossos cálculos. Começava no Rio Pinheiros, subia, virava pela Consolação e ia até o centro da cidade. O curioso é que, no começo, o bonde era puxado por bois”, contou Maurício Rodrigues Resende, arqueólogo da obra.
Parte dos trilhos já foram completamente removidos do local e ficarão expostos na praça do Largo da Batata, para resgatar a memória daquela São Paulo.
Seu Elio Punski, psicólogo, lembra bem dessa época. O senhor passava pela Teodoro Sampaio e não se aguentou, parou pedreiro, parou mestre de obra, parou arqueólogo… Queria conversar, saber o que estava acontecendo e, lógico, contar que aqueles trilhos fizeram parte de sua infância.
Aos 62 anos de idade, ele não pegou o primeiro bonde aberto da linha, quando ainda eram puxados por bois e burros. “Peguei já o bonde fechado, chamava bonde camarão, e ele subia e descia a Teodoro”, lembrou ele, que já fez esse trajeto sob trilhos várias vezes. “Isso me emocionou muito, eles não estão abrindo apenas a rua, eles reabriram um passado, um passado que vivi quando menino! Olhei esses trilhos, sempre falo para as pessoas ‘os trilhos estão aí em baixo…’ não acreditavam!”, brincou ele.
Tirando o pequeno pedaço que ficará exposto em frente ao metrô Faria Lima, ainda não se sabe o que vai ser do restante do registro da história. A história de São Paulo, a história de Seu Elio e a história de tantos outros paulistanos.
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