Vila Belmiro, 18 de abril, domingo, diante de 13 mil torcedores: os meninos do Santos dão um passeio nos senhores do São Paulo, metem 3 a 0 sem perdão e se classificam para os finais do Paulistão.
Pacaembu, 25 de janeiro, aniversário da cidade, diante de 23 mil torcedores: os meninos do São Paulo ganham por 3 a 0 dos meninos do Santos, nos pênaltis, e conquistam o título invicto da Copa São Paulo de 2010.
Sim, havia 10 mil torcedores a mais no jogo dos juniores do que na semifinal de domingo. Será que isto não diz nada aos dirigentes do São Paulo?
Bem diferente do jogo da Vila Belmiro, em que o time principal do São Paulo mais uma vez se arrastou em campo e não achou a bola, no confronto entre os juniores os dois times mostraram o mesmo futebol rápido, sempre em busca do gol, com ataques lá e cá, uma final emocionante.
Eu assisti aos dois jogos e me lembro bem do que aconteceu, com sinais invertidos, num intervalo de pouco mais de três meses. Mas parece que o técnico Ricardo Gomes e Juvenal Juvêncio, o sábio e todo-poderoso presidente do tricolor, não foram ao jogo do Pacaembu – se foram, não viram nada, ou já se esqueceram.
“Na final da Copa São Paulo, o melhor do nosso futebol”: este foi o título aqui do Balaio na matéria publicada poucos minutos após o final da partida, em que o goleiro Richard defendeu três pênaltis e saiu carregado como herói.
Alguém já viu Richard pelo menos no banco de reservas do São Paulo, depois dos frangos que o grande Rogério Ceni vem levando ultimamente? Não, nem Richard, nem qualquer outra revelação do time campeão de juniores.
Ao contrário do Santos, o São Paulo parece que tem vergonha – ou medo, sei lá – dos jogadores revelados nas suas equipes de base, que custam um bom dinheiro por ano ao clube.
Cadê o meia Oscar, que no final de 2008 o Muricy me disse que seria o novo Kaká – e depois foi para a Justiça contra o clube, entre outros motivos porque não o colocavam para jogar, como aconteceu também com o lateral Diogo? Cadê o Sergio Motta e o Wellington, que desapareceram depois de serem promovidos ao time principal?
Além do goleiro Richard, este time campeão da Copa São Paulo apresentou um balaio de outros bons meninos que, se fossem do Santos, poderiam disputar uma vaga entre os titulares: o zagueiro e capitão Bruno Uvini, o lateral esquerdo Felipe, o volante Casemiro, um craque pronto, os meias Marcelinho (não este Paraíba que o São Paulo trouxe de volta depois de velho) e Jefferson, e os atacantes Ronieli (autor de um gol de placa, de fora da área, na final) e Lucas Gaúcho, o artilheiro da Copa São Paulo, com nove gols.
Este time do técnico Sérgio Baresi, um ex-zagueiro do próprio São Paulo, na contramão dos masters de Ricardo Gomes, marcou 29 gols em oito jogos e sofreu apenas três, com sete vitórias (várias de goleada) e um empate.
Se a diretoria do São Paulo não se lembra deles, pode procurá-los no CT de Cotia, onde devem estar asssistindo a muitos jogos pela televisão, comendo bem e aproveitando as horas vagas para pensar no que vão fazer da vida – de preferência, longe do Morumbi, que prefere os Washingtons e os Richarlysons espancando a bola.
Por ironia do destino, lembro-me que, no mesmo dia da final dos juniores, Juvenal Juvêncio anunciou, com todo o garbo que lhe é peculiar, a contratação do grande Cléber Santana, que o Santos não quis mais porque não caberia num time de garotos.
Pois é exatamente isso que o São Paulo deveria fazer: dispensar o Cléber Santana e toda aquela turma com prazo de validade vencido e chamar os meninos, como o Santos fez, e se deu bem.
Como este time do São Paulo não vai mesmo muito longe na Libertadores, o São Paulo poderia dispensar seu elenco de veteranos e convocar Sergio Baresi, que já os conhece, para treinar os meninos no time de cima, e assim evitar um outro vexame no Brasileirão. Ainda está em tempo.
Em tempo: parabéns ao técnico Dorival Júnior e à diretoria do Santos pela coragem de dar força e liberdade à molecada. E o técnico Dunga? Será que já viu o que o Neymar anda jogando? Pode se informar com o Ricardo Gomes
Deixe um comentário