Meus caros, passei a tarde de ontem às voltas com futebol, nem de longe meu assunto favorito, mas não consegui saber se o famigerado Créteil Bébel , que se recusou a jogar com o Paris Foot Gay, cujo nome já diz tudo, decidiu voltar atrás – ou não? Até o final da tarde ninguém sabia. Vamos aguardar, e prometo mantê-los informados. Mas bastou voltar ao tema, para alguns “futebolistas” homofóbicos metralharem meu post com comentários para lá de obscenos. Recusei quase todos, por respeito aos meus leitores. Sobraram dois ou três. Somando os de hoje aos muitos que recebemos pelo post de 8 de setembro, temos uma imagem bem clara do que pensam os brasileiros sobre gays e futebol. Preconceito e homofobia na marca do pênalti. Leiam vocês mesmos, estão todos lá, e lembrem que eu ainda recusei e limpei muita coisa.
O alívio veio no final do dia, quando soube que Raí, que já foi o terror do Morumbi, mas continua lindo, fez declarações extremamente simpáticas aos gays, defendendo-nos dos ataques do técnico do Goiás, aquele do post de 23 de setembro. Ele ainda criticou a hipocrisia que impera quanto ao homossexualismo no futebol.
Entrevistado pela fofa e irritável Fernanda Young, em seu programa no GNT, Raí declarou que “Por ser um esporte de homens, tem um atraso em relação à sociedade. A sociedade em si já é machista. Então o futebol é mais do que a sociedade em si”. O programa só vai ao ar no próximo dia 12, mas as declarações de Raí foram adiantados pelo site xxy.com.br, belo portal de nosso sindicato, casa de nobres escribas.
Raí conhece profundamente o futebol brasileiro, além do francês, e pode, como ninguém, falar sobre o assunto. Leiam o livro Para ser jogador de futebol, que ele escreveu em parceria com Soninha e Milly Lacombe, Editora Jabuticaba, publicado em 2005. Lá ele denuncia o assédio sexual que sofrem muitos garotos que lutam por uma chance no futebol profissional, e que são vítimas de treinadores que os convidam para encontros “a sós”, chegam ao extremo do constrangimento físico, e conseguem manter segredo sob ameaças. Isso nos bastidores do esporte “exclusivamente masculino” que relatam tantos dos nossos comentaristas. Raí ainda alerta os meninos: “Atenção: isso é crime. Você não pode ser forçado a ter qualquer contato com o treinador além do estritamente necessário para o treinamento”.
Coincidência? Raí jogou no Brasil pelo São Paulo, e, na França, pelo Paris Saint-Germain, time que apóia e dá total suporte ao maravilhoso Paris Foot Gay, repudiado pelo Créteil Bébel. As declarações dele à Fernanda Young não poderiam vir em momento mais propício. É uma deliciosa brincadeira deste ente irônico chamado destino.
Raí é um armário! 1,89 m de altura, rosto masculino, largo como uma porta, pernas inacreditáveis, fala sempre baixo, e, acreditem, é tímido. É um homem fantástico, em todos os sentidos, pois faz um trabalho social maravilhoso com jovens carentes, com a Fundação Gol de Letra, que ele e o ex-colega Leonardo criaram. Ele pode ser tímido e simpático, mas a presença dele intimida, um homão daqueles, haja coração! Falei em ironia do destino? Quando fui pedir um autógrafo no livro que citei acima, ele não viu que era para mim, e como Milly e Soninha autografaram antes mandando beijos, ele não titubeou e também mandou: “Beijo do Raí”. No meu livro! Está aqui, só no livro, e por acidente, mas, mesmo assim, morram de inveja todos vocês.
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