Meus caros, esse post vem com dois dias de atraso para mim, pois estou torturado por ter perdido a festa de retorno da Nation, na última quarta-feira, cujo flyer já dizia tudo: “Quando tudo começou”. Dois dias para mim, 22 anos para muitos, que não tiveram a sorte de conhecer aquela casa noturna, que realmente marcou época, foi inaugurada em 1988, e durou até 1991, ficava num subsolo da Galeria América, Rua Augusta, entre Alameda Franca e Itu. A festa foi um sucesso, e arrancou lágrimas de clubbers, saudosos de um de seus templos sagrados. Na época, tínhamos o Madame Satã, que era mais barra pesada, tinha punks agressivos, banheiros imundos, e uma fauna de frequentadores que reunia desde gente badalada dos jardins até gente que mal podia pagar a conta na saída, mas que se divertia horrores. Uma vez eu fui ao Satã e, enquanto esperávamos na porta, rolou um tiroteio entre duas gangues, rivais no submundo, parecia cena de filme, só que as balas eram de verdade, e eu, como todos os demais da fila, ficamos agachados atrás de um carro. Em segundos, uma das gangues bateu em retirada, e a fila se recompôs, dando risada. Tinha até coisa assim. Era raro, mas tinha.
Foi quando surgiu a Nation, na Rua Augusta, cheia de gente bonita, alto astral, e foi lá que começou a surgir a cultura fashion, alguns dos estilistas de hoje não saíam de lá. A Nation era infinitamente superior ao Satã, não era submundo, tinha uma pista de dança mínima para os padrões de hoje, mas um som fortíssimo, e iluminação moderna, com pequenos canhões coloridos e uma estroboscópica bárbara. O público era misturado, e os gays se soltavam mais, me lembro de ver meninos se beijando na pista, coisa então rara fora do gueto. Foi a primeira vez que eu vi um DJ, Mauro Borges, homão que já tocava sem camisa, sexy, performático. Não havia DJs naquela época, como também não havia Hostess, e lá estavam Bebete Indarte e Ida Feldman, fofas. A festa gerou um belo falatório no Facebook, e se repetirá a cada 15 dias, no mesmo local. Não perderei a próxima por nada neste mundo. Só de escrever a respeito, já me volta na cabeça o som de Lês Rita Mitsouko cantando C’est comme sa. Era bárbaro. Abraços do Cavalcanti.
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