Fotos Agência Brasil
Lideranças indígenas pediram nesta quinta-feira, dia 1, urgência na demarcação de terras da etnia Guarani Kaiowá. Elas participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado. “Já ouvimos muito discurso bonito, recebemos cesta básica, mas isso não resolve. Queremos a demarcação do nosso território”, afirmou o líder kaiowá Elizeu Lopes.
Segundo ele, até agora, os povos indígenas só estão vendo os índios serem retirados das áreas que ocupam e não há sinais de quando vai começar a demarcação das terras. “Não aguentamos mais viver em baixo de uma lona preta, as crianças tomando água suja, sem ter condição de vida digna com nossas famílias. Os guaranis kaiowás vêm morrendo de atropelamento na beira da estrada, ataque de pistoleiro, muitos matando nossas lideranças. Não aguentamos mais isso”, disse Elizeu. Outro ponto destacado pelos representantes guranis kaiowás foi a necessidade de apuração das mortes de líderes indígenas.
A presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Maria Azevedo, também participou da audiência pública e destacou que a situação dos guaranis kaiowás é única e a mais preocupante em todo o Brasil. “A gente tem certeza que é preciso um pacto social e que a Funai, sozinha, não dá conta. O processo administrativo de demarcação é longo, é demorado, envolve diferentes atores. Então, por isso, a gente precisa sim de vigilância constante porque a situação é grave.”
O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, cobrou uma melhoria na estrutura dos estados para tratar das questões indígenas. “Não pode ocorrer mais de a Funai gastar com a rubrica de demarcação de terra só R$ 29 milhões, como aconteceu em 2010 e 2011. Isso infelizmente não vai resolver a situação. Para ele, a Funai precisa fazer concursos específicos para viabilizar e acelerar os processos de demarcação de terras indígenas que “ estão muito aquém do que é necessário”.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a situação dos guaranis kaiowás precisa ser acompanhada de perto pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. “É uma situação que mobilizou a opinião pública, lamentavelmente, só agora. Mas é um drama que os povos guaranis sofrem há muito tempo. É necessário um diálogo permanente com as instituições, com a Funai, com o Ministério da Justiça, com o governo do estado de Mato Grosso do Sul”, ressaltou.
Agência Brasil
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