Os pacientes que sofrem com doença falciforme têm uma nova opção para tratamento na rede pública. Desde 1 de julho, pacientes com sintomas graves passam a ter direito ao transplante de células-tronco hematopoéticas, anteriormente chamado de transplante de medula óssea (Para saber mais: http://bit.ly/1fo90ve). A partir dessa data, o SUS terá 180 dias para garantir o acesso gratuito dos portadores que se encaixarem em critérios definidos.
A doença deforma os glóbulos vermelhos, que carregam oxigênio para os tecidos, causando a causa má circulação do sangue nos pequenos vasos do corpo. Seus principais sintomas são lesões nos órgãos atingidos, crises de dor, principalmente nos ossos ou articulações, no tórax e no abdômen e icterícia. No ano passado, pelo menos 170 pessoas com anemia falciforme morreram no País.
A aprovação do transplante – uma reivindicação do movimento social – é uma conquista importante. “Trata-se de um procedimento aceito mundialmente há alguns anos e, desde 2009, temos solicitado ao Ministério da Saúde a sua liberação pelo SUS – até porque é o único tratamento com possibilidade de cura para a doença, com um índice de 95% de sucesso”, diz a hematologista Belinda Pinto Simões, pesquisadora do Centro de Terapia Celular (CTC), um centro pioneiro no tratamento da doença sediado no campus da Universidade de São Paulo e Ribeirão Preto.
Em caráter experimental, 27 pacientes já foram submetidos ao método pelo CTC de Ribeirão Preto. Conforme Belinda, a incorporação do procedimento ao SUS será feita com base no protocolo de tratamento usado nesses transplantes. “Temos o caso de um paciente de 38 anos que a cada 15 dias recebia transfusão e sangue, não trabalhava e não pagava impostos. Depois do transplante, ele conseguiu estudar, tem um emprego e não custa mais nada para o governo”, relata a médica. Agora, a pesquisa continua para avaliar questões como a recuperação imunológica dos transplantados, e a reversão de marcadores da doença nestes pacientes.
Os critérios do SUS
O paciente com anemia falciforme deve apresentar uma das seguintes condições para ser submetido ao transplante pelo SUS: alteração neurológica por acidente vascular encefálico ou que persista por mais de 24 horas, alterações nos exames de imagem, cerebrovascular associada à doença falciforme, mais de duas crises vasoclusivas graves no último ano, mais de um episódio de priapismo (ereção involuntária e dolorosa), presença de anticorpos (nos que recebem transfusões regulares) ou osteonecrose (morte das células por falta de sangue) em mais de uma articulação. Além disso, é nececessário que o paciente tenha parente compatível para doar as células hematopéticas. Elas podem ser obtidas do sangue periférico, da medula óssea ou do cordão umbilical.
A previsão é de que até 50 transplantes desse tipo sejam realizados anualmente no SUS, considerando o número de leitos disponíveis em instituições aptas a realizar o procedimento.
*Com informações da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ministério da Saúde, Agência USP, Agência Brasil e SBTMO.
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