Uma vacina para tratar a hipertensão

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Foto: Secretaria Municipal de Saúde (SMS)/Fotos Públicas (10/12/14)


Pesquisadores japoneses divulgaram hoje resultados animadores de um estudo pré-clínico (com animais) com uma vacina para controlar a hipertensão arterial. O alvo da substância é a angiotensina II, um hormônio que faz os vasos sanguíneos se contraírem, o que pode aumentar a pressão arterial e submeter o coração a mais esforço para bombear o sangue.  

De acordo com os cientistas que desenvolveram o fármaco, a vacina age de modo semelhante aos medicamentos inibidores da angiotensina (pertencem a uma classe conhecida por ECA). Ao bloquear a produção da substância no organismo, ela induz o relaxamento dos vasos sanguíneos, o que diminui a pressão no interior das artérias e facilita a circulação.

Nos testes com ratinhos de laboratório, além de reduzir a pressão, a vacina também parece ter evitado danos aos tecidos do coração e do endotélio, a camada que reveste o interior dos vasos sanguíneos. Quando agredida, elevam-se os riscos de formação das placas de gordura e cálcio e coágulos. Em ambos os casos, há maior risco de acidentes cardiovasculares.

Outras vacinas testadas anteriormente com a mesma finalidade não tiveram efeitos duradouros e provocaram fortes efeitos colaterais.  Segundo os cientistas, as cobaias que receberam esta vacina não apresentaram nenhum sinal de dano a órgãos como rim ou fígado após serem tratadas com três doses do imunizante.
 
Um dos autores do estudo, o cientista Hironori Nakagami, professor da Universidade de Osaka, no Japão, acredita que a vacina será uma opção eficaz para pacientes que não conseguem tomar os medicamentos contra a doença com regularidade. “Esse é um dos principais problemas no manejo de pacientes hipertensos”, disse Hironori.

VACINA DE DNA

O novo fármaco é feito com uma tecnologia chamada DNA recombinante. Pertencente ao campo da biotecnologia, ela envolve a transferência de um gene de um organismo para outro e a produção de proteínas específicas em larga escala. Para o cardiologista Sérgio Timerman, diretor da faculdade de Medicina Anhembi-Morumbi, do Grupo Laureate, essa tecnologia irá mudar profundamente o tratamento de doenças crônicas como a hipertensão e a diabetes. “ A imunização contra angiotensina II poderá ser uma alternativa valiosa aos fármacos convencionais. Vacinas induzem efeitos de longa duração e não requerem dosagem diária”, diz o especialista, que é também diretor do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (INCOR/USP)

TESTES EM HUMANOS

Como os testes feitos com animais pelo pesquisador japonês Hironori tiveram bons resultados, a vacina será agora submetida a experimentos com seres humanos.

Chamada de fase clínica, a maratona de avaliação é composta por três etapas sucessivas que podem demorar cerca de dez anos. Depois da última fase, os pesquisadores enviam os dados obtidos e um pedido de aprovação à agência reguladora. No Brasil, a agência que aprova medicamentos é a ANVISA.

Há, ainda, uma verificação final. Depois de ter sido aprovado, o o remédio é dado a uma grande população de pacientes em vários países que serão acompanhados por muitos anos. Isso permite monitorar o aparecimento de efeitos colaterais a longo prazo.

COMO SÃO AVALIADOS OS MEDICAMENTOS

FASE 1  
Envolve pequenos grupos de voluntários sadios (cerca de 30 pessoas). Seu objetivo é investigar a segurança do produto.  

FASE 2
Participam entre 70 e 100 pacientes. Verifica a eficácia do fármaco contra a doença em questão e fornece mais informações sobre a toxicidade 

FASE 3
O número de pacientes aumenta para 100 a 1000. Eles são divididos em grupos por sorteio. Um grupo usa a medicação em teste. O outro recebe o tratamento padrão existente. Há casos em que os estudos avaliam se a combinação de duas drogas é mais eficaz do que o uso de uma só.

FASE 4
O remédio é dado a uma grande quantidade de pessoas doentes em vários países. Além de confirmar os resultados da Fase 3 em diferentes populações, permite acompanhar os efeitos dos medicamentos a longo prazo    


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