Se a paisagem não nos agrada, de que adianta xingar a janela?

Os mais comentados
Como faço desde o primeiro domingo deste blog, segue a relação dos três assuntos mais comentados da semana no Balaio, na Folha e na Veja, as duas publicações impressas de maior circulação no país. É um bom indicador para sabermos quais os temas que despertam maior interesse nos leitores.

Balaio
Caso Fiel Filho: 201
Internet livre: 136
Sarney e Mercadante: 133

Folha
Governo Lula: 71
Senado: 55
Governo Kassab: 29

Veja
Especial Amazônia: 25
Trapaça de Nelsinho Piquet: 23
Criminalidade na Bahia/O mundo pós-crise: 15

Qualquer um hoje pode criar seu blog ou escolher entre milhares de opções aqueles que são os seus preferidos. Ninguém é obrigado a ler o que não gosta, assuntos que não lhe interessam ou tratam de personagens que condena.

A internet é livre e os internautas têm plena liberdade de escolha.

Lembro estas coisas tão singelas a propósito dos leitores que entraram aqui nos últimos dias para me agredir e ofender porque falei das minhas conversas com três importantes personagens da cena política brasileira, amigos com quem mantenho relações cordiais há muitos anos.

Por acaso, cruzei na semana passada com Antonio Palocci, em São Paulo, José Sarney e Aloízio Mercadante, em Brasília, e achei que poderia interessar aos leitores saber o que eles andam fazendo e pensando da vida.

Apenas contei o que ouvi, sem fazer nenhum julgamento de mérito do trabalho deles – até porque, sou repórter e, não, juiz.

Foi o que bastou para que dezenas de leitores que não gostam destes três políticos e condenam seus atos na vida pública invadissem o Balaio para xingá-los e, por tabela, o meu trabalho.

É um direito que lhes assiste, claro, mas gostaria de lembrar outra obviedade: o blog é como uma janela de onde olho a rua, a cidade e o mundo, e depois conto o que estou vendo ou ouvindo. Simples assim.
Todo mundo pode gostar ou não do que vi e ouvi, mas não sou culpado se a paisagem não agrada a alguns leitores. Apenas ficar xingando a janela não resolve nada, não muda a paisagem.

Posso eventualmente também escrever se a paisagem me agrada ou não, sou livre para dar minha opinião sobre o que ouço e vejo, assim como os leitores, mas o mais importante para mim sempre foi contar o que está acontecendo, independentemente do que eu acho disso ou daquilo.

Desta forma, agindo sem preconceitos nem querendo ser dono de verdades absolutas como muitos dos meus colegas, sei que posso ganhar ou perder leitores, o Balaio pode receber mais ou menos comentários, não tem problema.

Parafrasenado meu velho amigo Carlito Maia, um sábio que partiu deste mundo muito cedo e já faz tempo, podem não gostar de tudo o que escrevo, mas ninguém pode me obrigar a escrever aquilo que não quero.
Em todos os lugares onde já trabalhei, e também no iG, a minha liberdade para escrever sempre foi respeitada (com exceção, obviamente, dos tempos da censura militar).

Não abro mão dos meus princípios desde o meu primeiro dia na carreira de jornalista, que vai completar 45 anos no próximo mês.

Já demiti várias empresas da minha vida por não concordar com os rumos que tomavam e nunca fui por nenhuma delas demitido. Tenho muito orgulho disso.

Bom domingo a todos.

Vida que segue.


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