Ao chegar à sua 19ª edição, o Festival de Curitiba apresenta uma extensa lista de espetáculos, que reflete uma saudável diversidade de propostas. Ao mesmo tempo, ainda não foi desta vez que a mostra amplia seus horizontes. Por maiores que sejam os esforços dos envolvidos, o Festival ainda é apenas uma radiografia do que se encena nos grandes centros brasileiros. Como vem ocorrendo na maioria das vezes, as melhores montagens fora do eixo Rio-São Paulo-Belo Horizonte não foram contempladas. Permanecem, com raras exceções, restritas às suas cidades de origem.
Outras dificuldades que o Festival de Curitiba enfrenta dizem respeito a seu orçamento insuficiente e prazo para as verbas públicas e privadas serem liberadas, impossibilitando assim a contratação e o pagamento de uma equipe de seleção e de organização em tempo integral e durante o ano todo, como acontece nos festivais internacionais.
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De qualquer maneira, a mostra tem cumprido papel fundamental na difusão de projetos das artes cênicas nos quase 20 anos de existência e, sem dúvida nenhuma, transformou-se no mais importante evento da área. Neste ano, serão apresentados, de 17 a 28 de março, quase 30 espetáculos profissionais, incluindo, como é de praxe, um espetáculo internacional – no caso, Dulcinea’s Lament, dirigido pela canadense Alice Ronfard, com base na obra de Augusto de Cervantes. Já a mostra paralela, o Fringe, acolherá mais de 300 peças em busca de novos públicos e reconhecimento de suas pesquisas.
A curadoria do Festival, composta por Lúcia Camargo, Tania Brandão e pelo autor deste texto, buscou encontrar, como sempre, espetáculos que contemplassem qualidade, criatividade, inovação e que ainda fossem capazes de revelar talentos. Serão seis estreias nacionais, além de montagens já consagradas nos palcos brasileiros.
Entre as estreias estão Música para Ninar Dinossauros, de Mario Bortolotto/SP; Ghetto, texto com base na obra Yossel Rakover Dirige-se a Deus, de Zvi Kolitz, com direção Elias Andreato/SP; Vida, de Márcio Abreu/Curitiba; e, ainda, Travesties, da Cia Ópera Seca, direção de Caetano Vilela/SP.
Também fazem parte da Mostra oficial: Till, a Saga de um Herói Torto, do Grupo Galpão/MG, que abre o Festival de Curitiba no dia 17, na Ópera de Arame; O Papa e a Bruxa, do grupo Parlapatões/SP; A Loba de Ray-Ban, de Renato Borghi, direção de José Possi Neto/SP; Formas Breves, direção de Bia Lessa/RJ; Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César, com Paulo José e Ana Kutner, direção de Paulo José; Oui, Oui… a França é Aqui, de Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche, direção de João Fonseca/RJ; In On It, de Daniel MacIvor, direção de Enrique Diaz/RJ; O Ruído Branco da Palavra Noite, da Cia Auto-Retrato/SP; MacBeth, de William Shakespeare, com Renata Sorrah e Daniel Dantas, direção de Aderbal Freire-Filho/RJ; Simplesmente Eu, Clarice Lispector, de Beth Goulart; As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, adaptação de Maria Adelaide Amaral, direção de Yara Novaes/SP; Escuro, dramaturgia e direção de Leonardo Moreira/SP;Nosso Estranho Amor, direção de Claudio Dias/MG; Rebu, direção de Jô Bilac/RJ.
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