Para marcar o Dia Mundial da Ação Humanitária, celebrado em todo o mundo no dia 19 de agosto, foi lançado nesta terça-feira (19) em Brasília um selo postal da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) em homenagem ao brasileiro Sergio Vieira de Mello – funcionário das Nações Unidas morto há exatos 11 anos, assim como outros 21 colegas, devido a um ataque terrorista contra a sede da ONU em Bagdá (Iraque).
Durante o lançamento do selo, que ocorreu na Casa da ONU, o Ministério das Relações Exteriores anunciou a abertura de uma conta bancária no Brasil para receber doações em reais (R$) que irão financiar as ações humanitárias prestadas na Faixa de Gaza. A conta foi aberta pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Citybank (agência 0008, número 96910550).
O Dia Mundial da Ação Humanitária é uma referência ao atentado terrorista de 19 de agosto de 2003 contra o Hotel Canal em Bagdá, que funcionava como sede da ONU no Iraque. Então com 55 anos, Vieira de Mello era o representante especial do secretário-geral para o país. O atentado levou a Assembleia Geral da ONU a proclamar, em 2008, o dia 19 de agosto como o Dia Mundial da Ação Humanitária.
“Hoje, homenageamos Sergio e todos os outros trabalhadores que buscam melhorar as condições de vida de seres humanos em todo o mundo”, afirmou o coordenador da ONU no Brasil, Jorge Chediek, durante o lançamento do selo. Ele agradeceu a iniciativa do governo brasileiro de arrecadar doações em dinheiro para apoiar a resposta humanitária em Gaza. “Sergio Vieira de Mello foi um construtor da paz, e certamente ficaria feliz em ver este engajamento do Brasil com o mundo humanitário”, disse ele.
Vieira de Mello iniciou sua carreira nas Nações Unidas como funcionário do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), agência para a qual trabalhou por 30 anos e pela qual serviu em diversas operações humanitárias pelo mundo.
Em sua fala, o subsecretario-geral de Política 1 do Ministério de Relações Exteriores, Paulo Cordeiro, lembrou da atuação de Vieira de Mello no Timor-Leste – onde, de 1975 a 1999, 25% da população local foi morta. Ele havia sido designado pelo ex-secretário-geral, Kofi Annan, para governar o país pela ONU no período de transição. Atualmente, indonésios e timorenses vivem em paz. “Que a obra de Sergio no Timor-Leste possa inspirar palestinos e israelenses a estabelecerem uma paz duradoura no Oriente Médio”, concluiu Cordeiro.
Ao anunciar a abertura da conta, o coordenador-geral de Ações de Combate à Fome (CGFome) do Ministério das Relações Exteriores, Milton Rondó, informou que a resposta humanitária à crise de Gaza está estimada em 367 milhões de dólares, para atender 1,8 milhão de pessoas – sendo 490 mil em necessidade imediata de assistência humanitária.
Rondó lembrou que a cooperação humanitária internacional do Brasil se iniciou em 2006 e, desde então, o país já desembolsou cerca de 171 milhões de dólares em recursos financeiros e outros 186 milhões de dólares em doações de alimento. “90% de nossas atividades humanitárias são com a ONU”, afirmou o chefe da CGFome.
“A ONU perdeu sua inocência no dia que Sergio e nossos outros colegas morreram”, disse o coordenador da ONU no Brasil, referindo-se ao fato de que o ataque contra o Hotel Canal demonstrou que o trabalho humanitário não seria mais uma garantia de segurança para os funcionários da ONU e de outras organizações.
Durante a cerimônia de lançamento do selo, ele ressaltou que só neste ano já aconteceram 128 incidentes de segurança contra trabalhadores humanitários em todo mundo, sendo que 59 faleceram.
Em 2013, 460 trabalhadores humanitários foram vítimas de incidentes de segurança, sendo que 155 morreram, 171 ficaram feridos e 134 foram sequestrados. Os dados do ano passado são 22% superiores aos de 2012 e 24% maiores que a média dos últimos cinco anos.
Sobre o selo
O selo apresenta a foto de Sergio Vieira de Mello, retratado pelo fotógrafo da ONU, Evan Schneider, em 27 de maio de 2003, quando foi anunciada sua nomeação como representante especial da ONU para o Iraque, por indicação do então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
Na lateral esquerda do selo consta a inscrição “Homenagem a Sergio Vieira de Mello”, pelo seu caráter humanista, exemplo de desempenho em defesa dos direitos e dos valores humanos, que inspiram a perpetuação de sua memória e o permanente debate do seu pensamento e dedicação em apoiar a reconstrução de comunidades afetadas por guerras e violências extremas.
Leia na Brasileiros
Em 2008, contamos a história de Sergio Vieira de Mello e de outros brasileiros que pertencem ao mundo das Nações Unidas. Leia.
Em 2013, fizemos homenagem a sua trajetória na luta pela paz. Leia aqui.
Texto da ONU com alterações da redação.
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