Acabou a novela da candidatura do PT a governador de São Paulo. Sem Ciro, que, com seus últimos movimentos e declarações dinamitou as pontes da aventura paulista, a disputa em São Paulo vai repetir o Fla-Flu da eleição presidencial: teremos mesmo Geraldo Alckmin, do PSDB, contra Aloizio Mecadante, do PT. O resto é figuração.
Alckmin entra na disputa como franco favorito, segundo todas as pesquisas, para manter uma hegemonia de quase três décadas em terras paulistas (que começou, na verdade, com Franco Montoro, em 1982, de quem José Serra foi secretário do Planejamento, quando os tucanos ainda estavam abrigados no velho PMDB).
Mercadante, que tinha todas as chances de se reeleger senador, vai para o sacrifício, por absoluta falta de opções no PT. Nas atuais condições de tempo e temperatura, Alckmin pode resolver a fatura já no primeiro turno, mas eleição nunca é decidida na véspera. Não custa lembrar o que aconteceu na Bahia, em 2006, quando as pesquisas davam o candidato de ACM, Paulo Souto, como eleito no primeiro turno, e quem acabou ganhando no primeiro turno foi o petista Jacques Wagner.
(Os telefones aqui em casa não param de tocar, só porque hoje é meu aniversário, e desse jeito não consigo escrever este post. Já nem me lembro mais o que queria dizer).
Ah, sim, lembrei: apesar do panorama bem desfavorável para o PT em São Paulo no momento, que ninguém pense que o bigodão do senador vai entrar nesta guerra como boi de piranha que segue placidamente para o matadouro. Ao contrário, refazendo-se de uma cirurgia na próstata, Mercadante parece muito animado com o desafio, já alinhavando algumas linhas centrais do seu programa de governo.
Ele aproveitou também estes dias de molho em casa para terminar um livrão de mais de 500 páginas, ainda sem título, em que faz um balanço do governo Lula. Certo de que os rumos da campanha em São Paulo terão forte influência da eleição presidencial, o candidato do PT bota fé no seu taco, apesar do histórico conservadorismo deste Estado, onde Lula jamais ganhou uma eleição, mesmo quando foi duas vezes eleito presidente.
Em São Paulo, ao contrário do que ocorre no plano nacional, na qual o governador José Serra entrará atrasado na disputa em relação à ministra Dilma Roussef, é Mercadante quem terá que correr atrás do prejuízo, já que Alckmin, secretário de Serra, está em campanha pelo interior do Estado desde as eleições municipais de 2008, quando ficou fora do segundo turno, no qual Gilberto Kassab derrotou Marta Suplicy.
Façam suas apostas, senhoras e senhores: as cartas da sucessão paulista estão na mesa.
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