Meus caros, a saída de Ricky Martin do armário continua a gerar um falatório bárbaro. A polêmica é rica, levanta questões que podem ser mais bem tratadas diante de um bom exemplo como o dele. Rebeca De Alba, apresentadora mexicana que namorou o cantor por cerca de cinco anos, declarou que ele realmente não sabia que era gay, ou seja, ela não era uma namorada de fachada como chegou a ser dito por alguns venenosos. Lógico que ela ficou sabendo antes da grande mídia, essa delicadeza ele teve, o que confere com a imagem de íntegro e honesto que ela descreve. Íntegro, honesto, e não contou a ela que era gay? Não sabia que era gay? Sim. Caríssimos, gays podem se descobrir como tal muito tarde na vida, isso não apenas é possível como normal, acontece com muitos. Existem aqueles que já no berçário preferem a pulseirinha do arco-íris, têm essa questão resolvida, sabem quem são e o que querem. Enfrentarão bem mais cedo o ônus de sua condição, a rejeição das famílias, a perseguição nas escolas, etc, mas das angústias da dúvida são poupados. Tenho amigos que afirmam, orgulhosos, que sempre se souberam gays, um deles me declarou recentemente que nunca conheceu (biblicamente, lógico) uma mulher.
Confesso que invejo essa certeza, não foi meu caso. A dúvida tardia é torturante, você já criou para si mesmo uma persona, só consegue enxergar a si mesmo no espelho daquela forma. Mas então a vida vai te levando por outros caminhos, as coisas começam a não funcionar tão bem, e a luz vermelha do ‘será?’ acende no painel, garantindo terremoto à frente. A única saída feliz é enfrentar, não há outra.
Ricky Martin declarou que nunca se sentiu tão forte quanto agora, depois de compreender e aceitar sua sexualidade. Entendo perfeitamente. A dúvida sobre ser ou não ser é massacrante, fica mais fácil enfrentar as dificuldades normais da situação sabendo quem és, sendo feliz consigo mesmo. Por isso eu mesmo descrevi esse momento como redentor, libertador. Acreditem-me, é bárbaro!
Deixe um comentário