Recessão? Depressão? Falências? Concordatas? Desemprego? Quebradeiras?
Como meus coleguinhas, em suas previsões para 2009, já esgotaram todas as previsões de perigos e desgraças, resolvi ir na contra-mão e comecei a perguntar aos amigos o que eles esperam de bom no próximo ano.
Comecei na semana passada pelo Muricy Ramalho, o tri/hexacampeão tricolor, e depois fiz a mesma pergunta a Guido Mantega, ministro da Fazenda, William Waack, do Jornal da Globo, e Benjamim Steinbruch, um dos maiores empresários do país – e nenhum deles previu o fim do mundo. Ao contrário, apesar de tudo, esperam coisas boas (ver textos anteriores).
Hoje é a vez de sabermos o que espera de bom em 2009 o meu amigo Sérgio Valente, jovem baiano que é presidente da DM9DDB, uma das maiores e mais criativas agências brasileiras.
Como redator dos bons, Valente me mandou por escrito seus “pensamentos de uma crônica futebolística”:
Um ano 3-3-6
Por Sérgio Valente
Um dia desses, em um almoço com amigos, me perguntaram como eu acho que será o ano de 2009. Pois bem, quem gosta de futebol vai entender o que vou dizer.
Eu acho que 2009 – e é assim que eu vou trabalhar – será um ano 3-3-6. Em outras palavras, será um ano com três na defesa, três no meio de campo e seis no ataque.
Os três primeiros meses do ano serão meses assustados, na defensiva. Os três meses seguintes serão meses de meio de campo: um período de muito gerúndio em que não se realizará muito, mas em que se construirá tudo o que virá em seguida. E nos seis últimos meses do ano iremos ao ataque, com uma atividade econômica em um ritmo tão forte como há muito não se vê.
E por que isso vai acontecer? Bem, no primeiro trimestre, logo em janeiro, o país aonde está o foco de toda a crise, os Estados Unidos, passará pela mudança de governo.
No dia 20 de janeiro, Barack Obama vai assumir a presidência e terá que adotar medidas rápidas e fortes de reaquecimento econômico. E não poderão ser medidas protecionistas.
A economia americana por si só não se basta, ela é totalmente globalizada, e fechá-la com medidas de excessiva proteção não fará sentido. Obama terá, então, que aproveitar este primeiro trimestre para tomar medidas que alavanquem a economia.
Essas medidas vão demorar de 30 a 60 dias para começar a surtir efeito. Esse período fecha os três primeiros meses assustados. Isso significa que o mundo vai começar a funcionar depois do fim de fevereiro.
E aí entra um pouco de antropologia a favor do Brasil. O que acontece no fim de fevereiro por aqui? O carnaval. Todas as grandes decisões que impactam a economia brasileira são tomadas, historicamente, depois do carnaval.
Se as decisões no Brasil estivessem sendo tomadas agora, elas estariam contaminadas por essa incerteza, por esse clima que está no ar. Mas, por uma questão cultural, nossas principais decisões serão tomadas justamente quando a economia mundial estiver começando a mudar, com um clima já bem diferente do que existe hoje.
Além disso, por aqui, estes primeiros meses serão sustentados por decisões que foram tomadas antes da crise. Afinal, estaremos num período em que o consumo é intenso.
Teremos os lançamentos das linhas 2009, os resquícios das festas de fim de ano, o verão, o carnaval, o início do período escolar. O País vai bombar, de maneira mais cautelosa, mas continuará a funcionar. Todo mundo vai aproveitar o carnaval e só depois, como de hábito, virão as grandes decisões.
No segundo trimestre, o humor geral do mercado já mudou e as decisões estarão sendo tomadas. O navio vai embicar para cima, impulsionado pelas decisões tomadas pelo governo americano nos primeiros três meses do ano. Este será um período gerúndio, ou um período meio de campo, em que as grandes jogadas estarão sendo preparadas.
Mas, quando virar junho, e as pessoas e as indústrias perceberem que perderam um trimestre assustadas e um trimestre no gerúndio, vão querer fazer em seis meses o que não foi possível fazer antes.
É por isso que acredito que os últimos meses de 2009 serão extremamente vigorosos. Em atividade econômica, os últimos seis meses valerão por um ano inteiro.
Em meus pensamentos de uma crônica futebolística, acredito que o ano que vem será um ano 3-3-6. Qual é o risco? Quem gosta de futebol sabe que quando o time vai todo para o ataque, a defesa fica desguarnecida.
Mas o brasileiro gosta mesmo é de vitória. E vitória se faz com gol e não segurando um zero a zero. E que venha 2009, o ano em que a DM9 completa 20 anos.
2009, 20 anos da agência DM 09. O ano da agência, o ano do Brasil.
Muricy vai de 7-4-4
Mais animado do que Sérgio Valente, só encontrei Muricy Ramalho, a estrela da pizzada do Faustão, no começo da semana passada, em que ele não parava de receber cumprimentos pelo terceiro título brasileiro consecutivo conquistado no São Paulo.
No final do jantar, depois de falar maravilhas do jovem meia Oscar, de 16 anos, que para o técnico é o novo Kaká, apontei para os números 6-3-3 da minha camisa, que o São Paulo mandou fazer para comemorar o hexa: são agora 6 títulos brasileiros, 3 mundiais e 3 sul-americanos.
E perguntei ao Muricy quais números desta camisa mudarão em 2009. Marrento como sempre, mas excepcionalmente de bom humor, Muricy olhou, olhou, e lascou:
“Se depender de mim, muda tudo. Vai ficar 7-4-4”
Mala do Ano
Ontem o Balaio colocou no ar (ver post abaixo) a enquete para escolher no voto direto dos leitores as/os Malas do Ano, uma criação original do Artur Xexéo, colunista e editor do Segundo Caderno de O Globo, que resolvi importar para São Paulo.
Participe. O voto é livre.
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