Sex and the city

Nada de Carry, Samantha & Cia. O sexo, no caso, é com gente muito menos apetitosa: políticos. Os candidatos à prefeitura e ao cargo de “Comptroller” (espécie de leão de chacra dos gastos públicos). Pessoalzinho que, pelo visu, só consegue brincar de médico via Internet ou, no máximo, pagando mocinhas acomodativas.

Pegue-se o exemplo do ex-deputado federal Anthony Weiner. Narcíso, se acha um Adonis. Fez auto-retratos em poses de alterofilismo, mostrando suas carnes, e enviou a correspondentes femininas. Em paroxismos de exposição, detalhou em close-up protuberância mal disfarçadas pela cueca. Houve quem desconfiasse de retoques no fotoshop. Intriga da oposição: a coisa era aquilo mesmo: não teve alterações digitalizadas.

reprodução.

 É claro que essas escapadas supostamente eróticas foram descobertas e pegaram mal. O homem foi obrigado a renunciar. Esperava-se seu ingresso mais discreto na vida privada. Mas eis que, há pouco menos de dois anos depois do escândalo, Weiner voltou, com aquela cara de pau- em mais de um sentido- dizendo-se candidato à Prefeitura.

Tenha-se em mente que esse cargo estava praticamente na bolsa da presidente da Câmara de Vereadores, Christine Queen. Lésbica assumida, casada com uma advogada, e não tinha Feliciano capaz de reverter-lhe preferências sexuais. E numa cidade onde os homossexuais contam-se em números suficientes para eleger seus preferidos à cargos majoritários, Queen era dada como certa no pioneirismo da investidura do título de primeiro alcaide gay. Porém,  ninguém correu aos altares pedindo interferência divina num impedimento.

“Not so fast!”, disse Weiner. Em pouco tempo o desgraçado em público passou à condição de adorado das multidões. Weiner cresceu firme (epa!). Até o final de julho, em pleno assanhamento provocado pelas altas temperaturas do verão, esse candidato à nomeação do Partido Democrata liderava as pesquisas.

Em vista de seu sucesso, o ex-governador Eliot Spitzer também pulou na cama, ou, pelo  menos, no ringue de disputa eleitoral. Queria, e ainda quer, ser “Comptroller”. Ele, lembre-se, é aquele que renunciou depois de ser descoberto entre lençóis de prostitutas. O homem gostava tanto das mocinhas de vida quase fácil que mantinha conta de caderneta com os proxenetas mais bem sucedidos. Disse, agora, estar arrependido e ter aprendido sua lição. Provavelmente vai ganhar o cargo. Será, como dizem os humoristas locais: um “Comptroller without self-comptrol”.

E o tempo passa…, como dizia o locutor esportivo brasileiro. Weiner, na frente, foi chamado novamente às falas. Descobriu-se que mesmo depois de ter-se declarado “curado” do vício pornográfico, manteve apimentada correspondência com mulheres cibernautas. Os diálogos estão expostos em sites de fofócas. Pelo que se vê, Carlos Zéfiro (procure no Google) não faria melhor. Até no nome de guerra do escriba candidato: “Carlos Danger”.

Volta-se à praça publica para a inquisição, com Weiner novamente amparado pela esposa sofredora, mas misericordiosa. Mas já era tarde: para a fogueira com ele!, grita a multidão que só deseja ver sangue, depois da sacanagem. O réu não entregou a rapadura, ainda, mas está na rabeira. Eleitoral, entenda-se. Christine Queen, volta à posição de rainha dos democratas. È lésbica, mas não sai por aí falando porcaria. Sexo pode ser coisa privada. `Porém, quando envolve alguém concorrendo à cargo público e chegado à pouca vergonha na Internet, o protagonista vira domínio público.


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