Meus caros, estou feliz em constatar um surto de depoimentos e declarações públicas, de personagens midiáticos, sobre drogas e seus efeitos. De Whitney Houston a Fábio Assunção e Fernanda Torres, muitos estão falando abertamente sobre o espaço das drogas na nossa sociedade, declaram que cheiraram muita cocaína, e atacam a questão num ponto crucial: o glamour da droga. Fernandinha está estreando no Rio a peça Deus é Química, e abre bem o leque falando de várias drogas, lícitas e ilícitas, mas define claramente a cocaína como “O pior demônio”. Depois de muitos anos cheirando, ela reconheceu o paradoxo que era assistir à guerra entre polícia e traficantes ao lado de sua casa, enquanto ela mesma usava a droga. Ponto para ela. Aliás, vários pontos para ela, que conseguiu parar antes que as drogas lhe causassem maior estrago. Fábio Assunção, de olhos lindos, teve de abandonar uma novela para buscar ajuda médica, seu tropeço foi cruelmente público. Mas os dois estão aí, Fernanda muito bem, e Fábio se recuperando – no post de ontem falei dele, e continuo na torcida.
Mas preciso deixar uma coisa bem clara: Lourenço Cavalcanti não é um moralista hipócrita, fazendo discurso politicamente correto para sua plateia. Eu mesmo tive meus problemas com drogas, no caso o álcool, e não posso mais beber uma gota que seja! Entendo do assunto. O álcool é legal, vendido em qualquer esquina, quase ninguém se reúne sem bebida. “Vamos tomar alguma coisa?” Eu sempre ia, e não bebia só por gostar do whisky não, bebia para me embriagar, e adorava, meia garrafa ia num estalo. O whisky me acrescentava 15 cm de altura, mais outros 10 cm de peitorais, meus dentes brilhavam, minha calça velha virava vintage, e com três doses eu já tinha terminado um doutorado em filosofia. No dia seguinte, eu tinha de subtrair tudo isso – em dobro! Outras pessoas podem beber e se divertir muito com álcool, mas eu não. Falo de mim e de álcool, este é o meu caso. Não foi fácil parar. Não beber é uma luta diária, talvez vitalícia, mas ela pode te deixar bem mais forte. Parei antes do poste bater em mim, e só paguei o mico de ser visto fazendo xixi nele, várias vezes!
Isso é coisa de brasileiro? Lógico que não. Ontem mesmo, Whitney Houston relatou para Oprah uma viajem pesadíssima, vão passar a segunda parte do programa hoje. Todos nós achávamos que ela estava no fundo da sepultura, ouvindo do pastor os dizeres bíblicos “Do pó ao pó”. Também ontem li uma bela declaração de Yoko Ono defendendo Britney Spears, que usou de tudo, espancou muitos, e está aí, tentando uma volta por cima. Colin Farrell, o delicioso ator irlandês, também passou por isso, e deu um longo depoimento para a revista inglesa GQ. Eu me inspirei muito nele para buscar ajuda médica. Ouvir um relato, tão parecido com o meu, vindo de um homem daqueles, que parece ter a vida resolvida – gatão de sucesso, rico, cercado de mulheres (ele é dos que gosta), me ajudou muito.
Droga é um problema social, internacional, de gays e heterossexuais. Se você usa, cuidado. Se perceber que as luzes vermelhas se acenderam, procure ajuda, principalmente a de um médico. Ele vai saber cuidar de você. O meu se chama Fábio S. e é bárbaro, encantador. Tenho até ciúmes, não sei se empresto.
Meus caros, vamos falar de drogas por aqui, sem preconceitos ou falsos moralismos? Alguém mais aí tem problemas com drogas? Alguém aí ainda acha o máximo sair do banheiro com as mãos geladas, sorriso e dentes travados, coração a mil, pupilas dilatadas, e só se cercar de gente assim?
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