Nada como uma trégua no feriadão, poder esquecer um pouco a campanha eleitoral, respirar ar puro na praia e limpar a cabeça, ainda mais agora que voltou a chover, depois de trinta dias de seca brava em São Paulo. Neste primeiro domingo de setembro na praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião, quase ninguém se arriscou a sair de casa para dar um mergulho. Parece que a vida deu uma parada – o que é muito bom, sem o pipocar do tiroteio político dos últimos dias.
É bom também para conversar com as pessoas sobre outros assuntos, já que por aqui nem parece que falta menos de um mês para a eleição presidencial. Não ouvi ninguém falar em candidatos, dossiês e porandubas do gênero que continuam alimentando o noticiário na velha mídia e na internet.
Pousadas, bares e restaurantes estão lotados de gente, apesar da chuva que não sossega um minuto para alegria do gramado novo que acabamos de plantar. Ruas e estradas congestionadas, não há onde estacionar o carro, mas ninguém reclama.
A única queixa que ouvi nestes dias foi do meu velho amigo Antonio Carlos Meia, um engenheiro que sentou praça muitos anos atrás nesta praia e nunca teve tanto serviço como agora. Por falta de mão de obra, só está aceitando novas obras para o ano que vem.
Cruzei com o Meia na rua da praia no sábado à tarde e cobrei dele o orçamento que lhe pedi há um tempão para fazer a manutenção do madeiramento da casa. Sem se dar ao trabalho de oferecer as desculpas habituais, ele só deu risada e me pediu paciência. Estava conversando com um novo possível cliente, um jovem que não gostou de saber que o engenheiro não poderia iniciar sua obra imediatamente.
Quando ele se afastou, Meia comentou comigo esta novidade: de uns tempos para cá, são cada vez mais casais jovens que o procuram para fazer uma casa na praia. “Antigamente, o cara tinha que trabalhar a vida toda para sonhar com isso Minha freguesia tinha mais de 50 anos, pechinchava muito o preço. Agora, não. Os caras mais novinhos chegam e já querem logo começar a construir”.
Por coincidência, foi com esta idade, já passado dos 50, que comecei a construir minha casa na praia, depois de trabalhar uma boa temporada como diretor de televisão, função que é muito bem remunerada. Sorte de quem pode realizar seus sonhos mais cedo. Assim dá para aproveitar mais tempo
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