O artista plástico paulistano Paulo Climachauska completou 50 anos em 2012 e o ano foi marcado por intensa produção. O resultado poderá ser conferido em duas exposições que serão inauguradas na capital fluminense neste mês, no Oi Futuro Flamengo e na Galeria Artur Fidalgo. No instituto da Oi, a mostra Re-Subtrações reunirá obras como a escultura O Dia em Que a Terra Parou (inspirada no filme de ficção científica, dirigido por Robert Wise, em 1951) e séries, como as serigrafias Blefe (de forte acento construtivista), inspiradas no verso das cartas de baralho, e Modelo para Armar (que reúne desenhos feitos casualmente por meio de reprodução de formas criadas aleatoriamente com o jogo de varetas coloridas). Outra série que demandou trabalho árduo e estará exposta no Oi Futuro, Tac-Tic, é composta por 14 painéis, de 79 cm x 73 cm, marchetados em fórmica, que reproduzem ponteiros de um relógio solar, além de três vídeos projetados simultaneamente, que também resultam de experiências com o jogo de varetas.
Na Galeria Artur Fidalgo, em Copacabana, a exposição Fluxo de Caixa reunirá obras que ainda não foram expostas no Brasil, mas já submetidas ao olhar estrangeiro, como a série Catedral, que reproduz galpões de armazenamento de commodities e integrou a mostra coletiva Brazilian Modern, na edição 2012 da feira Contemporary Art Brussel, na Bélgica.
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Formado em História e Arqueologia pela Universidade de São Paulo (USP), Climachauska realizou sua primeira exposição no Museu de Arte Contemporânea (MAC-SP), em 1991. Nesses mais de 20 anos, fez mostras internacionais em países como Espanha, Inglaterra e Japão, e expôs ainda em bienais: 7ª Bienal de Havana, em Cuba (2000); 26ª Bienal de São Paulo (2006); 8ª Bienal de Cuenca, no Equador (2006); e 5ª Bienal Internacional de Estandartes, no México (2008).
A trajetória do artista é marcada por um elemento que norteia quase toda sua produção: o conceito de subtração. Climachauska, muitas vezes, utiliza centenas de minúsculas contas de subtrair para delimitar espaços e definir traços de desenhos, pinturas e serigrafias, como em Catedral. Por trás desse recurso estético está um discurso pautado no interesse do artista em economia. Ele defende que a regra de acúmulo (ou soma) – imposta pelo modelo econômico vigente, em que êxitos individuais ou coletivos são mensurados pela capacidade de ter sempre mais – distancia o homem de suas subjetividades e dos reais valores de sua existência.
Ao propor essa via de interpretação do mundo em que o menos é mais, Climachauska, embora não admita, atribui a seu trabalho uma conotação política de questionamento, bastante pertinente para esses tempos de aparente colapso do capitalismo. “Penso que meu trabalho não tem um acento político e, justamente, lido com a economia, pois acho que ela é o grande sistema regulador do mundo. A política vem, basicamente, a reboque dela e essas são questões estruturalistas. Meu trabalho não pretende ser político, apresento a sugestão de construirmos um mundo por uma via que não seja a da soma. Algo utópico, mas que também pode ser uma possibilidade individual de enxergar a vida. Uma das coisas que mais me incomodam no cenário artístico, hoje, é que existe o crescimento de um autoritarismo. A arte está se posicionando não mais como um exercício da liberdade, mas de autoridade. Eu não quero impor o absoluto. Há muitos artistas arrogantes, que se propõem portadores da verdade”, afirma Climachauska.
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