Embora as histórias em quadrinhos sejam uma “subarte” para alguns críticos e jornalistas ou uma forma de comunicação desprezada por intelectuais das faculdades de comunicação, vem delas a mais legítima e consagrada mitologia moderna norte-americana. Leia-se os super-heróis fantasiados, esses seres com poderes fantásticos, iniciados há 75 anos com a criação do Super-Homem – rebatizado no Brasil recentemente de Superman. Os dicionários dizem que os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais e qualquer outra coisa a que explicações simples não são atribuíveis. Em comum, envolvem força sobrenatural ou divindade.
Perfeito para definir os super-heróis, não? Mesmo assim, a indústria do entretenimento – cinema e televisão – tem sido importante para alimentá-los e torná-los longevos ou eternos desde a década de 1940. E, claro, não mede esforços para fazer deles um bom negócio. E isso inclui recriá-los, reinventá-los, porém sem alterar a sua essência – visual, personalidade, personagens. Faz isso há tempos não apenas com o Homem de Aço como os que vieram depois – Batman (que não tem superpoderes, mas é fantasiado), Homem-Aranha, Hulk, X-Men, Poderoso Thor, Quarteto Fantástico, etc. Desde a década passada, adaptar gibis para o cinema se tornou a galinha dos ovos de ouro do negócio.
O novo Superman, Origem Secreta segue essa lógica nem sempre de consciência da mitologia americana dos super-heróis. A missão não é fácil, depois do fracasso comercial do anterior, Super-Homem – O Retorno, em 2006, estrelado por Brandon Routh e dirigido por Bryan Singer. Apesar das críticas negativas, é um bom filme, politizado e não tão americanófilo como os anteriores, mostra-se decente dentro da tradição do personagem. E sem a chatice repetitiva e previsível dos longas do gênero nos últimos cinco anos.
A expectativa positiva para a produção se deve, principalmente, ao fato de ter sido realizada pelo mesmo diretor das bem-sucedidas adaptações dos quadrinhos de 300 e Watchmen. Além do seu talento e da curiosidade de ter aposentado o cuecão vermelho do super-herói, a tecnologia e seus efeitos especiais fazem a diferença. Henry Cavill faz Superman; Amy Adams é Lois; e Russell Crowe, Jor-El. Mais uma vez, a trama mostra os esforços do jovem repórter para proteger a Terra quando o planeta é invadido por seres da sua espécie, assim como a história da descoberta dos superpoderes e sua relação com Lois Lane. Promete não decepcionar os fãs, com um visual mais estilizado e sombrio na exploração de elementos que marcam até hoje seu universo.
Assim como Super-Homem, o cinema tenta manter o fôlego do mais cultuado super-herói do momento, Wolverine. Ao mesmo tempo, busca resgatar um herói mascarado à moda antiga, popular no rádio e nos quadrinhos nos anos 1930 e 1940: The Lone Ranger. O primeiro Wolverine, nascido do sucesso da trilogia X-Men, foi, merecidamente, um fiasco. Mas sua popularidade rendeu uma segunda chance. Agora, conta a história da viagem de Wolverine a Tóquio, onde encontra os vilões Samurai de Prata e Viper. O filme dá sequência aos eventos mostrados em 2006 em X-Men: o Confronto Final e apresenta um Wolverine deprimido por conta da morte de Jean Grey. O próprio protagonista, Hugh Jackman, fez a produção do filme.
Com direção de Gore Verbinski, O Cavaleiro Solitário traz como atração não o protagonista mascarado, interpretado por Armie Hammer, mas seu ajudante, o índio Tonto, interpretado por Johnny Depp que, mais uma vez, tenta dar nova roupagem a um personagem clássico. O filme conta a história da transformação de John Reid no herói mascarado, chamado no Brasil por anos de Zorro. Aqui, ele é um homem da lei em uma lenda da justiça. O filme se inicia com a viagem de Reid para sua terra natal, Colby, Texas, onde ele, que sempre se opôs à ética violenta da fronteira, conhecerá Tonto e se transformará no herói mascarado. Sem dúvida, uma aventura nos moldes de bons filmes de faroeste, para quem quer dar um tempo das pirotecnias tecnologias dos super-heróis. Afinal, os mocinhos do velho oeste também viraram lendas, correto?
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