Talese, Gay Talese

Gay, ele mesmo
Gay, ele mesmo

Meus caros, estou me deliciando com a autobiografia de Gay Talese, A Writer’s Life, comprada por meros R$ 40,00 na Livraria Cultura, em São Paulo. Talese dispensaria qualquer apresentação, é um dos pais do New Journalism, mais um daquela turma que junta Trumam Capote, Norman Mailer, Tom Wolf, e outros. Eles foram tão craques, que tornaram seus relatos jornalísticos obras literárias obrigatórias para quem queira conhecer o século XX. Euclides da Cunha fez coisa semelhante narrando a Guerra de Canudos, mas ficou muito longe na história, nós acabamos conhecendo melhor os americanos. Capote marcou o século com  A Sangue Frio, Tom Wolf com The Right Stuff, em que relata a história dos primeiros astronautas americanos – ele ainda escreveria A Fogueira das Vaidades, em que conta a luxúria e o delírio da década de 1980, mas eu prefiro o primeiro. Dos quatro que eu citei, só Tom Wolfe e Gay Talese estão vivos, e eu acho que Talese foi quem escreveu mais e melhor. Em O Reino e o Poder, ele narrou a história do jornal em que trabalhou, nada menos que o The New York Times, depois contou a história da máfia americana em Honrados Mafiosos, e me deslumbrou narrando a revolução sexual, vista de dentro dos Estados Unidos, no livro A Mulher do Próximo.

Lógico que eles são deuses para  todo e qualquer blogueiro que se preze, pois têm um olhar treinado para enxergar o mundo à sua volta, e a capacidade invejável de narrar tudo de forma magnética, você devora o que eles escrevem, e quer ainda mais. Talese começou sua carreira de jornalista cobrindo esportes, e se admira até hoje com a capacidade que tinha de contar o ponto de vista dos derrotados de forma suave, elegante, chega a transcrever o dilema de Hamlet para amaciar a derrota de um time de futebol americano. Ter essa capacidade de escrever maravilhosamente, e poder contar a própria vida, isso é sonho, é tudo o que eu pediria a Deus – e acho que ainda pedirei, se tiver a chance, e ele se dispuser a me ouvir. Mas, o máximo, é o cara se chamar Gay! É o nome dele, não tem nada a ver com homossexualidade, nada disso, foram os pais dele que escolheram o nome, deve estar na certidão de nascimento dele. Quem melhor escreveu sobre costumes da sociedade americana nos últimos 50 anos chama-se Gay – mas é heterossexual, casado, com dois filhos, nada de levantar o estandarte por ele. Abraços do Cavalcanti.


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