Nesta passagem do primeiro para o segundo turno do Brasileirão, um nome que ninguém poderia imaginar até poucas semanas atrás se destaca como a grande revelação do campeonato.
Não é nenhum jogador: é o técnico Ricardo Gomes. Numa sensacional arrancada, ele pegou um São Paulo decadente e desfigurado, e o levou a vice-líder, apenas um ponto atrás do Palmeiras.
Após a derrota para o Atlético Mineiro, que deixou o tricampeão brasileiro em 15º lugar, a um ponto da zona de rebaixamento, são agora nove jogos invictos, sete vitórias seguidas, com o 1 a 0 contra o Fluminense, golaço de Richarlyson, na noite desta quarta-feira, no Morumbi.
Sem ninguém acreditar nele, nem eu, a não ser o presidente Juvenal Juvêncio e seu fiel guardião Marco Aurélio Cunha, sem carisma, falando baixo e pouco, Ricardo Gomes chegou de mansinho e, em pouco tempo no comando, voltou a fazer do São Paulo um time de futebol.
Com a difícil missão de substituir Muricy Ramalho, o técnico tricampeão que virou ídolo da torcida como Telê Santana, o ex-zagueiro da seleção brasileira dos anos 90, que veio da França sem nenhum título importante na carreira de treinador, rapidamente ganhou e devolveu a confiança aos jogadores.
Este foi, a meu ver, o seu maior mérito. Além de ganhar, o São Paulo voltou a jogar um futebol vistoso, rápido, criativo, que dá gosto de assistir.
Ricardo Gomes pode agora comemorar a rápida inversão de papéis. Enquanto o Palmeiras do meu amigo Muricy vem caindo, há quatro jogos sem ganhar, o nosso time é a grande sensação deste início de segundo turno – outra vez, um dos favoritos ao título, que seria o hepta ou o tetra consecutivo, como preferirem os adversários.
Futebol, todos sabemos, é acima de tudo paixão. Mas o que vale mesmo é bola na rede, são os resultados.
Não sei de onde o presidente Juvenal Juvêncio tirou esta ideia de contratar Ricardo Gomes, surpreendendo a todos, mas agora ele tem todo o direito de cobrar os méritos pela sensacional virada do São Paulo no Brasileirão.
Como diria o nosso ex-presidente FHC, esqueçam tudo o que escrevi sobre a contratação de Ricardo Gomes e as críticas que fiz à diretoria do São Paulo. Eles estavam certos e eu, mais uma vez, errado.
Em tempo:
1. O calendário informa: ainda faltam 11 dias para agosto acabar.
2. Antes que me cobrem, explico: hoje escrevi sobre futebol e não sobre política porque já publiquei diversas matérias sobre as variadas crises desde a semana passada, dizendo tudo o que penso a respeito do conturbado ciclo que o país está vivendo. Nada tenho nada a acrescentar. Olhando pela janela, a paisagem política não é nada bonita. E viva o tricolor!
3. Fiquei triste com a saída dela do PT, mas desejo toda a sorte do mundo à minha velha amiga Marina Silva nos novos caminhos que escolheu. Sejam quais forem estes caminhos, Marina é uma brasileira de valor, com muita garra e coragem na defesa dos seus princípios e utopias. Sou grato a ela pela entrevista exclusiva que me concedeu na semana passada, em Brasília, antecipando o desfecho ontem anunciado.
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