Encerrando o seminário Educação: Gestão e Tecnologia, realizado pela divisão Seminários Brasileiros, Márcia Padilha, consultora especializada em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação e Raymuindo Peixoto, Diretor-Presidente e Country Manager da Dell Computadores no Brasil, relataram experiências bem sucedidas que apontaram caminhos para o tema do terceiro e último painel A Tecnologia Como Suporte para a Gestão Educacional.
Para Márcia, ferramentas que já estão disponíveis, como softwares com dados em âmbito nacional, apontando os recursos de cada escola – corpo docente, bibliotecas e insumos curriculares, entre outros – não estão sendo aproveitados de maneira adequada. “Há vários indicadores que não estão sendo utilizados. É preciso fazer uso da tecnologia para trabalharmos com uma noção de qualidade muito mais humanista da educação que oferecemos. Temos sido pouco ambiciosos no uso desses dados para fazer a gestão das escolas.”
Exemplo claro de como a tecnologia pode transformar a qualidade do ensino público, um projeto realizado em escolas de Pernambuco, foi relatado por Márcia: “Com o apoio do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edicaconais), após a constatação dos baixos índices de aproveitamento nas provas do ENEM, foi criada uma solução para melhorar esses índicadores. A matriz curricular do ENEM foi dissecada e foram feitos jogos eletrônicos baseados nela. Temas absolutamente escolares, mas criados em um processo adequado e criativo. Os alunos se organizam por escolas, jogam com crianças de faixa etária diferentes, e a maior incidência é de jogos a noite, o que quebra o tabú de que o aluno não estuda em casa”, esclareceu.
Raymundo Peixoto encerrou o evento listando dados sócio-econômicos percebidos nos últimos dez anos, no Brasil, e enfatizou a importância de inserir os mais de 40 milhões de habitantes que passaram a integrar o mercado consumidor no ambiente transformador que a tecnologia pode proporcionar à formação humana, seja no conhecimento empírico ou na educação formal: “Hoje temos no Brasil mais computadores do que aparelhos de televisão. E o computador é um meio de ida e volta, enquanto a TV é passiva. Com o computador você busca, troca, pesquisa e contribui para disseminar informação. Pesquisa recente atestou que 90% dos jovens com até 30 anos, no Rio de Janeiro, acessam a internet e a maioria deles o faz de casa, não em lan-houses. Infelizmente, essa explosão da tecnologia não está sendo percebida na educação, onde temos problemas graves. Vinte e cinco por cento dos brasileiros não concluem sequer o ensino fundamental. Dos que ingressam na universidade, 88% não se formam”, observou.
Descrito por Peixoto um projeto da Dell, envolvendo 23 escolas da cidade de Hortolândia em São Paulo, é paradigmático de como a tecnologia pode ser decisiva para acelerar processos e otimizar a solução de nossos déficits educacionais: “Atendemos seis mil alunos, dos ensinos fundamental e médio, durante quatro anos. Entendendo a realidade da sala de aula percebemos que os jovens já estão introduzidos no mundo digital, mas, em sala de aula, isto é algo que não é tão atrativo como jogar com os amigos pela internet. Desenvolvemos jogos de português e matemática e o resultado foi que 54% dos alunos indicaram crescimento do interesse em estudar. Além disso, ficou evidente um aumento do prazer de estar em sala de aula, da criatividade, da colaboração entre os próprios alunos. Aumentou também a capacidade de resolver problemas em equipe, houve uma reaproximação de alunos e professores e uma expressiva redução da evasão escolar”, explica.
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