Temer é Collor, Dilma é Itamar

O ex-presidente Itamar Franco no Congresso Nacional. Foto: Agência Brasil
O ex-presidente Itamar Franco no Congresso Nacional. Foto: Agência Brasil

À medida em que avança o julgamento do impeachment mentiroso e surgem as verdades da Lava Jato fica claro que Temer está cada vez mais parecido com Collor e Dilma cada vez mais parecida com Itamar.

Collor foi o presidente mais novo; Temer é o presidente mais velho. Collor foi vendido à nação como o caçador de marajás. Seu partido era de Reconstrução Nacional. Tinha vindo depois do horroroso governo Sarney. O que era verdade.

Temer foi vendido como o salvador da pátria. Ainda fala que seu governo é de salvação nacional. Veio depois do governo Dilma do qual foi dito que quebrou o país. O que é mentira.

O impeachment recaiu sobre Dilma, mas o que se vê é que ela é tão honesta quanto Itamar.

O impeachment não colou em Temer, mas o que se vê é que ele mente todo dia – tal como Collor – e tenta destruir o Estado brasileiro – como Collor. E está cercado de corruptos, como Collor.

E a corrupção se aproxima cada vez mais dele.

O impeachment contra Collor era unanimidade nacional. Estava na cara. Ninguém duvidava de seus crimes contra os cofres públicos, que ainda pairam hoje sobre ele.

 O impeachment de Dilma é um copo vazio, a cada dia fica claro que todo mundo está perdendo tempo com acusações ocas. As tais pedaladas, como ficaram conhecidas, eram perfeitamente legais e não provocaram nenhum prejuízo. Qualquer tribunal internacional chegaria a essa conclusão em muito menos tempo e com menos prejuízos. O que causa prejuízo não são as ações que foram alvo do impeachment, mas o processo em si mesmo, que instaurou a incerteza na economia e nos investimentos e deixou o país nessa espera exasperante até que “algo aconteça”.

Collor era um talentoso orador e Temer é um orador de meia tigela, mas há mais semelhanças entre ele e Collor do que entre Dilma e Collor.

Tal como Itamar, que não tinha cônjuge, Dilma não tem cônjuge. Tal como Collor, Temer tem uma mulher mais nova, loira, bela, recatada e do lar.

O partido de Collor era o menor do país, mas ele é muito mais parecido com Temer, que comanda o maior – e o pior – partido do país.

Temer é de direita, como Collor. Temer nasceu no estado mais rico do País e Collor num dos estados mais pobres. Mas ambos se comportam como coronéis.

Itamar era de centro-esquerda, era mineiro tal como Dilma, que na juventude foi da extrema esquerda, mas no governo nunca impôs essa orientação.

E ela é muito mais parecida com Itamar do que com Collor. Não tem, aliás, qualquer semelhança com Collor.    

Collor foi o queridinho da Globo, mas quando seu lado obscuro se revelou a Globo o destruiu.

Temer chegou ao poder com a ajuda da Globo, que ajudou a derrubar Dilma, mas agora que a Lava Jato se aproxima dele, a Globo o está derrubando.

A Globo nunca caiu de amores por Itamar, como nunca se apaixonou por Dilma.

Mas percebeu que Itamar tinha mais ibope que Collor e percebe que Dilma já tem mais ibope que Temer.

Collor assaltou o país, acabou com a cultura, com o cinema, o mesmo roteiro adotado por Temer, que assalta os direitos dos trabalhadores, ataca a cultura, destrói a televisão estatal, demite, corta verbas.

Acuado nas cordas, Collor teve que renunciar. Acuado pela Lava Jato, Temer parece não ter outra saída senão renunciar.

Ninguém sentiu falta de Collor, ninguém vai sentir  falta de Temer.

O país tem saudade de Itamar, como tem saudade de Dilma.


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