Queridos, a partir de amanhã teremos mais um grande musical estrangeiro em cartaz aqui em São Paulo, nada menos que Evita, um dos maiores sucessos da história da Broadway, no teatro Alpha. Não é grande novidade, estreou em Londres em 1978, quando sua principal música, Don’t Cry for Me Argentina, já era um sucesso mundial. Eu assisti à montagem original inglesa, em 1981, e nunca mais me recuperei do impacto, benza Deus, era de chorar. Chorei. Não falo apenas de um ícone argentino, não sei dizer se chegou a ofuscar Carlos Gardel ou o próprio marido, Juan Domingos Perón, jamais arriscaria discutir paixões platenses, o risco de pelotão de fuzilamento é sempre iminente, mesmo que como mera ameaça. Em Buenos Aires, pode-se analisá-la como fenômeno político, se foi líder humanitária ou fraude, mas, mundo afora, mormente para aqueles que apenas a conheceram musicada por Andrew Lloyd Webber, ela é imbatível. Madonna ousou enfrentar a partitura no cinema, em filme de 1996, e a imprensa acabou por descobrir que a deusa da música POP teve de pedir ao compositor que abaixasse algumas notas das músicas, normalmente enfrentadas com coragem pelas divas dos palcos, mas que ela não conseguiria atingir. O filme foi um sucesso, Antonio Banderas também estava maravilhoso como Che Guevara, que, à custa de um grande malabarismo artístico, contracena com Evita e Perón – na realidade, sequer se conheceram.
Este é um musical que requer grandes vozes, revelou gente do gabarito de Julie Covington e Patti LuPone, e as letras originais são maravilhosas. “I came from the people, they need to adore me, so christian dior me…”, “I’m their savior, that’s what they call me, so lauren bacal me…”. Acho que as rimas desaparecerão nessa tradução, será uma pena, mas musical adaptado é assim mesmo. Ao menos a cena do balcão, ápice do espetáculo, parece impecável. Já tivemos uma montagem aqui no Brasil, nos idos dos anos 1980, com Cláudia no papel principal, voz poderosa, e recursos de cena impecáveis. Amanhã estréiam Paula Capovilla e Daniel Boaventura como o casal principal, e Fred Silveira como Che. Boaventura já é campeão testado e aprovado nos palcos, estava ótimo em My Fair Lady, e é um charme de homem. Os demais vão ter de provar a que vieram. A produção é de Jorge Takla e a diversão é garantida, ouso dizer necessária. Abraços do Cavalcanti.
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