Depois de fechar 2011 com um desempenho fraco, com crescimento do PIB de 2,7%, e de ter um primeiro trimestre em 2012 abaixo da expectativa, com crescimento de 0,1%, a economia brasileira voltou a apresentar resultado “fraco” no segundo trimestre do ano, com crescimento de 0,4% no período entre de abril a junho de 2012, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 31, pelo Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Para o economista Célio Hiratuka, da Universidade de Campinas (Unicamp), o resultado não é apenas fraco, mas “bastante fraco”. “Duas informações me preocupam mais do que o número bruto do crescimento. Primeiro é a retração da industria [que recuou 2,5% no período divulgado] e depois queda no fluxo de investimento [forte queda de 3,4%]”.
Mas o que estes dados significam? A indústria é o segundo setor que mais emprega no Brasil, ocupando cerca 14% da mão de obra nacional. O setor tem sido o calcanhar de Aquiles da política econômica no governo da presidenta Dilma Roussef, registrando resultados pouco expressivos e recuo na participação do PIB desde 2011 – ou seja, a indústria brasileira está “encolhendo”.
A indústria brasileira tem tido problemas para concorrer tanto no mercado externo, graças ao chamado “custo Brasil” (valor dado aos problemas estruturais do país, como falta de estradas, energia cara por baixa produção, etc) quanto no mercado interno, pela valorização do real frente a moedas estrangeiras, o que torna os produtos produzidos fora do país mais baratos. “O cambio esteve muito desfavorável nos últimos meses, o que influi neste resultado. Há agora uma desvalorização do real frente ao dólar, mas o resultado disso é algo que demora para aparecer nas estatísticas”, diz o economista.
A questão do custo Brasil só se resolve, segundo Hiratuka, com investimento pesado em infraestrutura, o que nos leva ao segundo fator negativo apontado pelo economista. “O governo brasileiro tem tentado reacelerar a economia com medidas como a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) e a redução do juros, medias que juntas buscam impulsionar o consumo, mas é preciso haver investimento”, diz. “Este investimento parece que vai acontecer agora. O Governo Federal tem lançado pacotes de investimento e buscado auxílio da iniciativa privada”.
“Nem tudo está ruim”, diz Hiratuka. “O emprego continua estável, e o consumo em alta. É difícil fazer um prognóstico, mas os dados e as iniciativas do Governo Federal apontam para um crescimento à longo prazo. Creio que os números devem melhorar nos próximos trimestres”. Apesar do otimismo, o economista lembra que fatores externos podem ser decisivos nos próximos meses da economia nacional. ” A perspectiva é positiva, mas há a questão da crise econômica. Mudanças no câmbio podem ser problemáticas à longo prazo, principalmente se houver melhora no cenário externo. Podemos enfrentar uma maior concorrência”, disse.
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