Tensão crescente na Crimeia

O Serviço de Fronteiras da Ucrânia (SGU) informou nesta sexta-feira (7) que Moscou já deslocou cerca de 30 mil de seus soldados para a República Autônoma da Crimeia. O diretor de Recursos Humanos do SGU, Mikail Koval, não informou, no entanto, quantos soldados ucranianos estão na Crimeia, mas assegurou que todos os agentes de fronteiras e das forças armadas da Ucrânia na região permanecem em seus postos.

O Conselho Superior da Crimeia (Parlamento regional) adotou nesta quinta uma medida que possibilita sua reunificação com a Rússia, da qual fez parte até 1954, e convocou um referendo sobre o assunto para o dia 16 de março. Em Kiev, o presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, reagiu duramente aos eventos registrados na Crimeia, referindo-se à consulta popular como “ilegal e ilegítima”. Ainda segundo ele, o governo estuda uma forma de dissolver o Parlamento da Crimeia.

O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, que chegou ontem à Ucrânia, viajará para a Crimeia e tentará visitar outras localidades no Leste do país. Ele contará com a ajuda de sete especialistas em direitos humanos, dois dos quais já estão na Ucrânia. Os demais devem chegar em Kiev no fim de semana.

A visita de Simonovic, antigo ministro da Justiça croata, acontece depois de Robert Serry, enviado especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas para a crise na Crimeia, ter sido obrigado a abandonar a península após um episódio com homens armados.

As autoridades locais da Crimeia, no Sul da Ucrânia, não reconhecem o novo governo de Kiev e defendem o regresso ao poder do presidente deposto Viktor Ianukovich, entretanto internado em estado grave num hospital de Moscovo por ter sofrido um enfarte.

OSCE barrada

Observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) foram impedidos por homens armados de entrar na Crimeia, república autônoma ucraniana sob o controle das forças russas. É a segunda vez em dois dias que uma missão da OSCE é impedida de entrar no território.

Perto da localidade de Tchongar, um dos dois possíveis acessos para a península da Crimeia, dois veículos que transportavam os cerca de 40 observadores da OSCE, seguidos por cerca de 50 carros civis ucranianos, foram impedidos de passar por uma dezena de homens armados, não identificados, que formaram uma barreira.

A Crimeia, no Sul da Ucrânia, tem população de cerca de 2 milhões de pessoas, 60% delas russas, 26% ucranianas e 12% tártaras. As autoridades locais da república, de maioria russófona, não reconhecem o novo governo de Kiev, saído de um acordo entre a oposição e o presidente deposto Viktor Ianukóvtich, atualmente exilado, para pôr fim à crise política.

A crise foi desencadeada no final de novembro com protestos em massa contra a decisão de Ianukóvitch de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e reforçar os laços econômicos com a Rússia.


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