Com a divulgação esta semana dos resultados das pesquisas dos quatro principais institutos do país – Datafolha, Ibope, Vox Populi e Sensus – ficou evidente que uma terceira onda se formou nesta reta final do segundo turno da campanha presidencial. Os números variam de uma pesquisa para outra, mas há um ponto em comum: a curva de Dilma desce, a de Serra sobe, e a “boca do jacaré” está lentamente se fechando.
Quando a campanha começou oficialmente, formou-se a primeira grande onda vermelha de Dilma, que atropelou em poucas semanas a liderança que Serra vinha mantendo desde o ano passado. A distância entre os dois principais concorrentes foi-se alargando com o começo da propaganda na TV, de tal forma que, abrindo mais de vinte pontos de vantagem, quase todo mundo deu como certa a vitória de Dilma no primeiro turno, até mesmo seus adversários.
Na última semana do primeiro turno, porém, todos foram surpreendidos pela segunda onda, a verde, na verdade um tsunami de nome Marina Silva, que passou a campanha toda mantendo-se firme em torno dos 10 pontos e, no final, disparou para 20, levando a eleição para o segundo turno.
De uma hora para outra, o ar desanimado de Serra e dos tucanos foi substituído por um largo sorriso, a campanha errante tomou prumo, o programa de televisão ganhou vida, aliados que vinham se estranhando passaram a falar a mesma língua. Em apenas duas semanas, os papéis se inverteram, tudo mudou.
Dilma, que venceu o primeiro turno, aparecia em público com ar derrotado e, Serra, que perdeu, posando de vitorioso. O horário político na TV passou a refletir este clima das campanhas, com o programa dos tucanos muito mais ágil, alto astral, mostrando cenas das viagens de Serra pelo país, dosando promessas com ataques. Na verdade, os ataques da oposição foram terceirizados na boca de uma atriz desconhecida, no anonimato da internet, nos panfletos e nos púlpitos das igrejas.
De outro lado, o exército de Dilma parecia despreparado para o segundo turno, como se tivesse jogado todas as suas fichas na certeza de vencer no primeiro. Desmotivados, os aliados da candidata do governo começaram a bater cabeça, como já tinha acontecido lá no início desta campanha eleitoral. Dilma ficou muito presa em Brasília, Lula se recolheu por alguns dias e a candidata se viu obrigada a dar a cara para bater, como vimos no primeiro debate do segundo turno.
Agora é tudo ou nada, jogo rápido, não dá para ficar pensando muito em mirabolantes táticas e estratégias. Faltam apenas 16 dias para voltarmos às urnas, o que é uma eternidade em se tratando de segundo turno de uma eleição presidencial. Nada está decidido, mas é muito difícil que ainda haja tempo para aparecer uma nova onda. Resta saber qual a fôrça e até onde vai esta terceira.
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