“Política é como nuvem. A gente olha, está de um jeito. Quando olha de novo, está de outro”, já dizia Magalhães Pinto, o grande banqueiro que virou governador e um dos ícones dos velhos políticos mineiros nos anos 60 e 70 do século passado.
Assim são as pesquisas eleitorais, como nos provou, mais uma vez, o último levantamento do Vox Populi/iG/Band divulgado nesta terça-feira. A tal terceira onda a favor de José Serra, que registrei aqui no Balaio quatro dias atrás, já se desmanchou antes de chegar à praia. A “boca do jacaré” se abriu de novo. O bicho está vivo.
“Vox/iG: Dilma tem 51%, e Serra 39%”, informa neste começo de tarde a manchete que está no ar no portal, mostrando que a diferença a favor da candidata petista sobre o tucano aumentou de 8 para 12 pontos de uma semana para outra. Nos votos válidos, a vantagem de Dilma é maior ainda: subiu três pontos, de 54% para 57%, e Serra caiu três, de 46% para 43%, elevando a diferença para 14 pontos.
Com estes números, a apenas 12 dias da abertura das urnas, a eleição já estaria mais uma vez decidida, como já esteve em todas as pesquisas na reta final do primeiro turno, apontando a vitória folgada de Dilma Rousseff – e, no entanto, como todos sabemos, estamos em plena disputa do segundo turno, que começou com uma onda a favor de Serra.
Constatamos haver no momento uma diferença de seis pontos entre os números deste Vox Populi e o último Datafolha, que registrou apenas oito pontos a favor de Dilma (54 a 46) nos votos válidos – e maior ainda em relação ao Sensus, o único até agora que apontou um empate técnico. De qualquer forma, todos os institutos mostram que Dilma estaria eleita se a eleição fosse hoje.
Como não é, e ainda temos pela frente dois debates na televisão (na Record e na Globo), mais as capas de revistas neste final de semana e as manchetes dos jornais até o dia 31, ninguém deve soltar fogos ou começar a chorar antes da hora. Vale a lição do primeiro turno: por mais que seja pesquisado, o eleitor é imprevisível como as nuvens. A única diferença é que desta vez não temos uma Marina Silva na disputa.
Se depender do apoio de artistas, Dilma leva vantagem: nas capas dos jornais de hoje, ela aparece abraçada com Chico Buarque, enquanto Serra surge ao lado de Fernando Gabeira.
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