Caríssimos, natal pode ensejar tudo de bom em termos de congraçamento humano, religiosidade, e famílias felizes e embriagadas em uma grande ceia. Mas não há nada mais desumano do que ficar andando de carro sábado à noite, só para ver as tenebrosas decorações natalinas. Se você tiver algo na cabeça, vá direto ao cinema ver o último filme de Francis Ford Coppola, Tetro, já em cartaz, e que eu já considero um dos grandes filmes do meu diretor favorito. Seus filmes marcaram minha vida. Patton, a trilogia de O Poderoso Chefão, Apocalypse Now, Outsiders, Humble Fish, e todos os outros, mas esses são meus favoritos. A cena de abertura de Patton, com o discurso de George C. Scott em frente a uma enorme bandeira americana, o ataque a uma aldeia do Vietnã ao som de A Cavalgada das Walkirias, de Wagner, e as sequências finais dos três Chefões marcaram a história do cinema. Quem não viu não pode morrer sem ver, ou morrerá miseravelmente.

O tema favorito dele é a família, coisa bem de italiano, e ele envolve toda a sua em seus filmes. Basta dizer que, na saga do Chefão, a irmã de Coppola, Talia Shire, fazia a Connie Corleone. Sofia, sua filha, foi o bebê da cena de batismo do primeiro filme, e, já adulta, era a filha de Michael no terceiro filme. O maravilhoso Nicolas Cage é seu sobrinho. Todos os três filmes do Chefão mostram a saga dos Corleone, e como um de seus membros, mesmo querendo ser a ovelha branca, acaba tragado pelo sobrenome, e começam com Marlon Brando como o pai, Pacino como filho e, depois, pai de todos. No segundo filme, Michael Corleone procura a mãe, e, falando em italiano, pergunta a ela o que o pai tinha na cabeça quando se envolveu com a máfia, como começou aquilo tudo? Ela responde que era exatamente a família, a única coisa que realmente importa na vida. Em Outsiders, tirado da obra de Susan Hinton, ele mostra uma família de irmãos órfãos, lindos e fofos, e lança atores como Tom Cruise (sim, ele), Matt Dillon, Patrick Swayze, C. Tom Holwel, Rob Lowe, entre outros.

Em Tetro, o irmão mais novo, vivido pelo lindíssimo (mesmo!) Alden Ehrenreich, vai procurar o mais velho, que fugiu para a Argentina. Chega impecável em uma farda branca de marinheiro, imagem de pura ingenuidade, e então começa a descobrir o passado da sua família. As coisas não eram como ele imaginava, mas não vou estragar as surpresas, só digo que a fotografia, em preto e branco com toques de cor aqui e ali, arrasa e Vincent Gallo está perfeito, e o pai é ninguém menos que Klaus Maria Brandauer. É filme para ver duas ou três vezes. Mais que um programa, é um presente da natal. Vá correndo. Abraços do Cavalcanti.


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