Thomaz Farkas tinha 5 anos quando, vindo da Hungria, desembarcou, deslumbrado, em Santos, para morar em São Paulo. Mal saiu do navio, seu pai, que já tinha negócios na capital paulista – a loja de equipamentos fotográficos Fotoptica – perguntou ao sócio: “Como vai o Brasil?”. A resposta: “Em crise”. A Revolução, naquele ano de 1930, estava a caminho.

Quase três décadas depois, Thomaz se viu em meio à outra revolução. Desta vez estética: Brasília. “Fui até lá quando era só descampado”, lembra. “Tinha amigos entre os arquitetos que concorreram com projetos para a capital. Sobretudo, o Jorge Wilheim.”
[nggallery id=15247]

Àquela altura, Thomaz era mais que o empresário que tocava os negócios da família. Havia se tornado engenheiro mecânico e eletricista e, também, um apaixonado – e ótimo – cineasta e fotógrafo. “Passei a ir várias vezes à Brasília, antes e depois da inauguração”, conta. “Estava fascinado com toda a modernidade, a maravilhosa aventura de tirar a capital do Rio e fazê-la no meio do País. Continuo juscelinista.”

Thomaz encantou-se com um aspecto em especial: a mistura de sotaques. “Era fantástico ouvir os trabalhadores de todos os cantos do País, cada um com seu jeito de falar”, recorda o fotógrafo que, ao longo dos anos, permaneceu visitando e registrando imagens de Brasília. “Continuo fascinado pela cidade!”, exulta. “Ok, ficou com trânsito congestionado. Mas isso ocorre com qualquer metrópole, não tem jeito.”

Ao escolher suas melhores fotos de Brasília para esta reportagem, Thomaz, aos 84 anos, revela um olhar deslumbrado. Possivelmente, semelhante àquele do garotinho húngaro ao chegar ao país. Que se tornou o seu.

MAIS ESPECIAL BRASÍLIA:
O avalista da utopia
Brasília dos brasileiros
Virei gente em Brasília
Sigmaringa, quase uma unanimidade
O sindicalista que se tornou o rei da noite
Carla brilha na capital
Candanga
O sólido sonho de papel
As outras Brasílias
Paulo Henrique Paranhos, a defesa da arquitetura moderna


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.