Aos leitores que me criticaram no post anterior pelo meu exagerado otimismo em relação ao Brasil e ao nosso governo, recomendo a leitura da coluna “Toda Mídia”, do jornalista Nelson de Sá, na Folha desta quarta-feira.
Já faz algum tempo que venho notando um brutal contraste entre os resumos que ele faz todos os dias do que é publicado sobre o Brasil lá fora nos principais jornais da imprensa mundial e o noticiário da mídia nativa.
Vamos pegar, por exemplo, alguns tópicos publicados na coluna do Nelson de Sá de hoje:
“ULTRA, ULTRA HOT”
Jim Cramer, folclórico âncora da CNBC, principal canal financeiro dos EUA, fez festa para o Brasil e o IPO do banco Santander. “O Brasil está ultra, ultra quente. O PIB deve crescer 5%, 6%. Os serviços financeiros vivem boom. Os Jogos de 2016 eles acabam de vencer.
“WORLD S BEST”
No alto da Folha Online, a Petrobrás entrou para as 40 melhores empresas do mundo, na lista da “Business Week” (). A revista descreve a Petrobrás como “a maior empresa do hemisfério Sul” e sublinha seu crescimento.
CONFIANÇA
Em extenso material sobre os emergentes, o “Financial Times” publicou que “Ásia e Brasil lideram a alta na confiança dos consumidores”, segundo pesquisa Nielsen.
EUA, ÍNDIA VÊM AÍ
No ‘Chicago Tribune”, “empresas americanas focam consumidores no exterior”, ressaltando o Brasil – e a vitória do Rio sobre Chicago, na disputa dos Jogos.
No “Business Standard” e outros indianos, a montadora Bajaj Auto anunciou uma fábrica “num lugar chamado Manaus, no Brasil”.
ROCKY?
Abrindo a seção internacional do “Los Angeles Times”, o filme ” “Lula, Son of Brazil”, que sai no fim deste ano, sobre a juventude de Lula, comparada à “história de Rocky Balboa”.
O BRASIL DEPOIS DE LULA
Em meio ao louvor global na mídia, nos dias seguintes à escolha do Rio para sediar os Jogos, o colunista de política externa do “FT”, Gideon Rachman, escreveu que “o Brasil nunca esteve tão na moda”, com Jogos, Copa, Brics, G20, pré-sal: “Em Lula, o Brasil finalmente tem um líder que é uma figura reconhecida globalmente”.
Pois é amigos, isto tudo foi só hoje – um breve resumo do que se fala do Brasil lá fora, onde a nossa imagem refletida no espelho da imprensa é mais bonita do que aqui dentro. Está bom assim ou querem mais?
Podem me xingar à vontade, mas acho que estou em boa companhia, quer dizer, do que há de melhor na imprensa mundial.
Costumo dizer que o humor das pessoas depende muito do jornal que elas lêem. Meu vizinho Maurício, por exemplo, que só lê um centenário jornal de São Paulo, está sempre de cara amarrada, desanimado da vida. Quando ele me pergunta “como vão as coisas?” e eu respondo “vão bem, melhorando”, invariavelmente ele discorda:
“Melhorando como? Onde? Você não leu o Estadão de hoje? A inflação já, já vai estourar! Você não está vendo o absurdo dos gastos públicos?”.
Outro vizinho que encontrei na minha caminhada matinal, o Guatelli, um engenheiro de quase 60 anos, que não tinha lido jornal algum, estava animadíssimo. Numa idade em que outros só pensam na aposentadoria, ele está cursando mestrado na FAU, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, fazendo planos, feliz da vida com as novas perspectivas que se abriram para ele.
Ao longe, ainda se ouvem alguns ganidos tristes, cada vez mais fracos, mas isso é da vida.
Para quem sofre de depressão, acha que o Brasil não tem jeito e a vida não vale a pena, recomendo a leitura diária da coluna “Toda Mídia”:
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