Todo mundo em Nova York

Nova York é campeã mundial de mistura de povos. Você pensa em uma nacionalidade esquecida nesse mundão sem porteiras, pode apostar que tem representantes por aqui. Mudaram de mala e cuia, já que foram logo montando um restaurante, um armazém, uma loja de roupas típicas e tenda para vendas de artigos religiosos.

Duvida? Onde mais você encontraria um time de futebol inteirinho formado por gente nascida em Diego Garcia? Acho que nem mesmo em Diego Garcia, aquela ilha de coral no Oceano Índico, que serve de base para a Marinha americana e é protetorado britânico. Pois tem um esquadrão de craques desse lugar, que joga nos campos de várzea do Queens.

Outro dia mesmo, encontrei com Simon, um amigo que nasceu em Zanzibar – zona semiautônoma da Tanzânia. Antes de conhecê-lo, eu achava que Zanzibar era nome de boteco e o país só existia em livros de aventuras. Pois Simon me provou que Zanzibar não está só nos gibis e além de bons bares também tem ótimos restaurantes. Fomos a um no Brooklyn, onde devoramos um bacalhau sublime.

O Butão ficou fechado durante um milênio, mas quando abriu suas porteiras os cidadãos saíram de lá aos magotes. Vieram dar com os costados na ilha de Manhattan. E até eles estranham ao encontrar alguém de Tuvalu – arquipélago da Polinésia.

E, com toda essa diversidade, não é que o prefeito Michael Bloomberg acha que deve ser o árbitro de usos e costumes dos habitantes dessa Babel? O alcaide que, pela estatura, poderia ser o noivinho que faz par nos enfeites de bolo de casamento, tem complexo de Napoleão. Só que um Napoleão que comanda um exército de crianças. O cara é babá das multidões.

Começou banindo o fumo em todo canto que pôde. Até aí, tudo bem. Mas o pequenino não parou na fumaça. Dali há pouco já estava querendo proibir a birita – o que, da última vez que fizeram, deu na maior rebordosa. Não conseguiu a Lei Seca, mas continua tentando. Partiu, então, para outros copos: os de refrigerantes. É verdade que a tigrada toma refresco em banheiras e adquirem contornos paquidérmicos. Com isso vem diabetes, pressão alta, obesidade mórbida… Se a madame e o cavalheiro não ligam para isso, por que contrariá-los? O anão do Executivo alega que a conta dos seguros-saúde engordam na mesma proporção dos glutões. Mentira: a maioria não tem seguro-saúde. E quem não é assegurado morre.

O babá miniatura que não venha com essa de seguro-saúde. No dia em que o plano de cobertura bolado pelo presidente Barack Obama finalmente for implantado – e há enormes dúvidas de que seja –, aí, sim, pode regular o K-Suco. Até lá, deixe os mamutes encherem a cara.

O pior é que agora o nanico do City Hall anda dizendo que vai meter o narizinho nas tendas de Santeria – a umbanda caribenha –, aqui chamadas Botanicas. O xerifinho da prefeitura diz que deseja controlar a qualidade dos produtos. E lá ele entende de macumba? Quem o cavalheiro pensa que é? O Exu Mirim?


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