Jovem, belo e irrequieto, o pianista pernambucano Vitor Araújo aos 18 anos já conseguiu despertar a ira de parte dos defensores da música erudita com sua abordagem nada ortodoxa. Pelo menos daquela conservada em formol. Depois de atrair a atenção geral ao apresentar-se na Mostra Internacional de Música de Olinda, em 2007, lotar o Auditório Ibirapuera, em São Paulo, aparecer no Programa do Jô e ter sua música descrita como virtuosa molecagem pela imprensa, Vitor chega às lojas com TOC, um Dualdisc – misto de CD e DVD. Referindo-se à doença popularizada por Roberto Carlos, o pernambucano diz que as palavras transtorno, obsessão e compulsão têm um pouco a ver com seu trabalho. Na verdade, “Toc” refere-se à música de Tom Zé, incluída no disco, que trata do nascimento do silêncio a partir do barulho e a volta a este a partir do silêncio.

Primogênito de um casal de filhos, Vitor começou a estudar piano aos 9 anos e logo acumulou prêmios, de competições locais à Menção Honrosa no Concurso Magda Tagliaferro, em São Paulo. Como um jovem comum ele tem seus grupos: Seu Chico, dedicado a composições de Chico Buarque, e um trio jazzístico, o Café del Jazz, em que mostra sua paixão pelo improviso. Sua estréia profissional deu-se aos 16 anos, em Maceió. O concerto seria reapresentado três vezes em Pernambuco e já trazia sua interpretação personalíssima de “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, em que avança para o interior do piano tocando diretamente nas cordas e batucando na madeira, e que se tornou sua marca. Brincar com a música, brindar o público com aliterações musicais, ou seja, entremear temas que em sua cabeça soam semelhantes. Tocar como gosta. Improvisa em quase todas as músicas que executa, exceto naquelas em que considera desnecessário.
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Segundo ele, existem temas semelhantes a letras e poesias em que não cabe música. Não sabe o que vem pela frente, se gravará o próximo trabalho com uma banda, um trio, uma big band. Vive em constante mudança. Adora o bandolim de Hamilton de Holanda, o piano de André Mehmari e acha o violão de Yamandu Costa fantástico. Adora o exagero na arte, citando Charles Chaplin, Stanley Kubrick, Lars von Trier, Woody Allen, Fiódor Dostoiévski, Pablo Neruda e Villa- Lobos como exemplos. Quando gravou seu DVD estava em uma fase popular, tanto que incluiu “Samba e Amor”, de Chico, “Paranoid Android”, da banda inglesa Radiohead, e “Comptine d’un Autre Été”, de Yann Tiersen, da trilha do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Hoje em dia tem tocado músicas melancólicas. Mais eruditas, confessa, cometendo um ato falho.


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