O capitão reformado Homero César Machado, um dos torturadores da presidenta Dilma Rousseff, morreu nesta quinta-feira (5) aos 75 anos de idade, em São Paulo, de infarto. Seu corpo foi cremado na sexta na Vila Alpina. Embora tenha sido denunciado pelo Ministério Público Federal, ele nunca foi condenado.
Machado foi chefe de interrogatório da Oban (Operação Bandeirante) de 1969 a 1970. Financiada por empresários, a Oban foi o principal órgão de repressão aos grupos de esquerda durante a ditadura. O relatório da Comissão da Verdade sustenta que Machado torturou pelo menos quatro militantes durante a ditadura militar (1964-1985).
Em 2005, a então ministra Dilma Rousseff relatou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que foi torturada por Machado em 1973: “O capitão Maurício [Lopes Lima] sempre aparecia. Ele não era interrogador, era da equipe de busca. Dos que dirigiam [a tortura], o primeiro era o Homero [César Machado]”.
Em 2012, estudantes promoveram um “escracho” em frente à casa do torturador, em São Paulo. “Você é torturador, não vai ter sossego”, gritavam os manifestantes, que distribuíram panfletos aos vizinhos alertando sobre o militar: “Você sabia que neste bairro mora Homero César Machado, um dos principais torturadores da ditadura?”.
Segundo o relatório da Comissão da Verdade, Machado foi responsável por torturar e matar Virgílio Gomes da Silva, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) que participou do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. Ele também torturou o frade Frei Tito, Roberto Macarini, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), e Heleny Ferreira Telles Guariba, também da VPR.
Machado foi interrogado pela Comissão Nacional da Verdade em 2014 e se queixou de que estava sendo submetido a um “massacre”. Ele negou as acusações de que tenha matado Virgílio. E reclamou que as Forças Armadas é que deveriam pedir desculpas à nação pelo que ocorreu: “Nós éramos agentes do Exército, nós não levantamos o braço e: ‘Vamos lá pegar comunistas.’ Não. Nós éramos agentes, delegados da instituição”.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal denunciou Machado pela tortura de frei Tito. A denúncia foi rejeitada com base na Lei da Anistia. A Procuradoria apresentou recurso contra a decisão, argumentando que o caso é imprescritível.
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