“Libera os meninos para sentar o pau nos polícia.” Essa frase foi gravada em uma conversa entre um traficante da Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, e um homem ainda não identificado pela inteligência da Polícia Civil. Ela é um dos principais indícios da suposta participação do crime organizado nas mortes de policiais. A outra é uma gravação na qual bandidos de Paraisópolis, na zona sul, falam em arrecadar R$ 300 de cada “irmão” para o ataque. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
Segundo as investigações do Polícia Civil, falta saber se todas as mortes de policiais têm relação. Um exemplo das dúvidas que cercam a apuração é a gravação do bandido – um homem do segundo escalão da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) – da Cidade Tiradentes. Ela foi feita na sexta-feira, dia 22, por volta das 14h30. Naquele momento, quatro policiais já teriam sido mortos. Assim, se a ordem era para atacar a partir daquele horário, quem teria matado os outros policiais? A mesma dúvida cerca a outra conversa interceptada por uma delegacia da zona sul de São Paulo: ela foi realizada também na sexta-feira.
“Estamos ouvindo diversas denúncias, mas não conseguimos ainda saber o que está ocorrendo”, disse um diretor da Polícia Civil. De fato, desde sexta-feira, foram feitas 80 ligações para o Disque-Denúncia da Polícia Civil sobre possíveis ataques e 31 homicídios foram contados pela polícia no Estado durante o fim de semana. “Estamos acompanhando dia a dia os passos da criminalidade”, afirmou outro diretor.
Na sexta-feira além do reforço de policiamento feito na Grande São Paulo, a Polícia Militar decidiu enviar a Tropa de Choque para Paraisópolis e parte da zona leste – locais onde haveria ameaça de ataques. Ao mesmo tempo, policiais da Delegacia de Repressão a Facções do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) foram em carros descaracterizados para a zona leste. Queriam surpreender suspeitos de pertencer ao PCC.
Na zona leste, onde ocorreu a maioria dos casos de execução de PMs, o sargento Eduardo, comandante do 8º Batallhão, que fica na região do Tatuapé, informa que recebeu uma base móvel extra. “Recebemos reforço com quatro policiais e armas de grosso calibre para o caso de enfrentamento. Se acontecer alguma coisa, estamos preparados”.
Para aumentar o número de policiais nas ruas, agentes que trabalham dentro dos batalhões foram deslocados para o patrulhamento para aumentar a situação de segurança da população. “As pessoas da parte interna estão indo para o operacional para aumentar o efetivo”, diz o sargento.
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