A breve viagem que fiz esta semana a Curitiba e Rio de Janeiro para cumprir compromissos profissionais pode servir de consolo para os paulistanos à beira de um ataque de nervos com seu trânsito cada vez pior à beira de um colapso.
Nas duas cidades, enfrentei congestionamentos em diferentes horários e ouvi dos motoristas de táxi: “Isso aqui está ficando igual a São Paulo, cada dia pior”.
No Rio, levei duas horas no trajeto Galeão-Flamengo-Botafogo-Copacabana, tempo suficiente para conhecer toda a vida do taxista Jorge, um senhor de 71 anos, que agora começa a trabalhar às três da madrugada para fugir do trânsito.
Em Curitiba, cidade onde morei e trabalhei nos anos 1996 e 1997, os carros e os prédios se multiplicaram geometricamente, mas as ruas continuam as mesmas.
O desafio de quem viaja pelo Brasil, no entanto, não está só nas ruas cada vez mais intransitáveis das grandes cidades. Também nos saguões e nos páteos dos aeroportos, o movimento crescente de passageiros deixa todo mundo nervoso, tanto em terra como no céu. Viraram rotina os congestinamentos no céu, aviões fazendo fila e dando voltas no ar à espera de uma brecha para pousar.
Com a retomada do crescimento econômico e o aumento da renda, cada vez mais gente pode comprar carros e passagens de avião, algo que seria para comemorar, claro, mas a impressão que fica é a de estarmos, ao mesmo tempo, chegando ao limite da nossa capacidade de nos locomovermos pelo país.
Por mais obras viárias que os prefeitos e os responsáveis pelo sistema aeroportuário planejem, e até façam, a conta nunca fecha. A demanda é sempre maior do que a oferta. Parece que o país ficou pequeno demais para os seus sonhos de grandeza, apertado entre os apelos do consumo e a realidade da nossa infraestrutura.
A vida em Curitiba era mais tranquila e agradável quando morei lá, e nem faz tanto tempo. O Rio continua lindo, mas cada vez mais sobra menos tempo para usufruir das suas belezas naturais e humanas. Desse jeito, o Brasil ainda vai acabar virando uma imensa São Paulo. Isso será bom?
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