Em reunião realizada na manhã de hoje na Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), em São Paulo, o secretário Fernando Grella Vieira, e o comandante geral da Polícia Militar, Roberto Meira, receberam líderes do Movimento Passe Livre (MPL), para definir diretrizes que possam evitar confrontos no 5° Grande Ato Contra o Aumento das Passagens – nome dado pelos integrantes do MPL à série de protestos realizados na cidade desde o dia 6 de junho, quando milhares de jovens saíram as ruas para contestar o aumento nas passagens de ônibus, trens e metrô, em São Paulo.
Com a repercussão negativa da dura repressão imposta pela PM e a Tropa de Choque aos manifestantes no último protesto, em 13 de junho, a necessidade de diálogo é mesmo inquestionável e inadiável – a corporação, inclusive, foi alvo de nota de repúdio da Anistia internacional (leia). Em nota oficial, a SSP-SP acaba de antecipar que vai liberar vias públicas, como a Marginal Pinheiros e a Avenida Paulista, e apenas acompanhará a marcha, sem ações repressivas – isto, no discurso da PM, caso os manifestantes mantenham uma postura pacífica.
Grella Vieira também afirmou que não serão utilizados projéteis de borracha e sprays de pimenta, caso a repressão se faça necessária. O secretário afirmou ainda que a Tropa de Choque não irá às ruas. Em contrapartida, o MPL se comprometeu a informar com antecedência qual será o trajeto da manifestação.
A expectativa é de que o protesto de hoje reunirá o maior número de integrantes até aqui. Na rede social Facebook, onde o evento de hoje está sendo divulgado, até o momento mais de 200 mil pessoas confirmaram participação. Lógico, o número é simbólico, mas sintomático de que a população paulistana, e milhares de brasileiros de outros estados, manifesta solidariedade e apoio aos protestos. Reação que também tem sido percebida ao redor do mundo. Durante o fim de semana, pulverizadas em capitais europeias, norte-americanas e asiáticas, onde há grandes comunidades de brasileiros, 27 manifestações de apoio foram realizadas – entre outras cidades, em Nova York, Dublin, Berlin, Sidney, Lisboa, Madrid, Montreal, Tóquio.
O fim de semana também foi marcado por novos protestos em outras capitais do País. Em Belo Horizonte, cerca de 8 mil manifestantes também foram as ruas, no sábado, dia 15, mas a manifestação foi pacífica – muito embora, às custas do desacato da coronel Cláudia Romualdo, que desobedeceu liminar da Justiça mineira que determinava que a manifestação não poderia obstruir o trânsito na Capital. Embora tal medida tenha assegurado uma marcha pacífica, a coronel Cláudia poderá ser punida pela corporação.
O mesmo, infelizmente, não ocorreu no Rio de Janeiro, onde protestos foram reprimidos violentamente, ontem, na área externa do estádio do Maracanã, durante a partida entre Itália e México, na Copa das Confederações. Os manifestantes questionam a falta de prioridade de aplicação de recursos públicos em áreas com déficits históricos, como a educação e a saúde, em detrimento dos bilhões que estão sendo gastos para atender as demandas da Copa de 2014. Seis manifestantes foram presos. Porta-voz da PM fluminense, o coronel Frederico Caldas negou excessos, apesar dos relatos contrários de parte da imprensa: “A PM não usou além da força necessária, para conter as manifestações. A PM não reconhece uso ostensivo de força por parte dos policiais”.
Leia aqui série de reportagens publicadas pela Brasileiros sobre o último ato em São Paulo, no dia 13.
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