Triste final de campanha e um apelo da leitora

Deixei de escrever sobre a campanha eleitoral esta semana porque a cada dia baixa mais o nível das campanhas em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, e isto me deixa triste. Pra falar a verdade, nem tenho o que falar.

A cinco dias da definição do segundo turno, a discussão sobre os problemas e o futuro das nossas grandes cidades cedeu lugar a panfletos apócrifos, ofensas pessoais e agressões físicas.

Não foi certamente para isso que o país foi às ruas em 1984 e inundou o país nas maiores manifestações populares de nossa história para lutar por eleições diretas.

A baixaria das campanhas acaba se refletindo também na radicalização cada vez maior dos leitores/eleitores, que vão deixando os argumentos de lado e partem para o tudo ou nada, apenas se preocupando em desqualificar e atacar os adversários de domingo.

Uma exceção à regra foi a mensagem que recebi agora há pouco da leitora paulistana Liane Rossi, historiadora e funcionária pública, que defende a candidatura de Marta Suplicy com argumentos civilizados, que podem ser úteis á reflexão dos visitantes do Balaio.

Em tempo: o espaço aqui está aberto para defensores de outros nomes que defendam seus candidatos sem ofender os outros.

A mensagem de Liane Rossi:

Queridos,

Gostaria de pedir um voto de confiança, não em mim, nem no PT, nem em Marta. É um voto de confiança na cidadania que pessoas muito pobres, a quem nunca conheceremos, que vivem em lugares muito distantes, onde nunca iremos, podem obter com a vitória de Marta Suplicy.

Não precisamos nos enfiar nos recônditos da miséria desta cidade pra saber disso, porque temos informação. E isso é bom, ter informação, uma vida confortável, e nunca perder de perspectiva quem mais precisa da Prefeitura, quem depende do Estado pra tudo.
O que não é bom será privar essas pessoas de uma vida melhor, da possibilidade de cidadania, somente porque nos ressentimos da perda de nossas ilusões e sonhos de uma vida _ no meu caso, de trabalho apaixonado desde os 16 anos, no movimento secundarista.

O que eu quero pedir é que neste domingo a gente vote com consciência de que não tem mensalão, cuecão, dossiê, conta de caseiro ou qualquer coisa que nos faça perder o foco da luta da nossa juventude: melhor distribuição de renda, atendimento das demandas sociais, governo voltado pra quem precisa mais.

Posso me dar ao luxo de dizer que na minha vida pouca implicância tem a vitória de Marta ou Kassab, mas na minha história de vida, faz muita diferença. Nas crenças que escândalos não destroem, faz muita diferença.

Por isso, me atrevo a pedir o voto em Marta. Por isso, não perdi as esperanças. Porque tenho orgulho do país que elegeu o torneiro mecânico que me encantou nas greves do ABC e que me encanta com os tão criticados programas de inclusão, chamados de assistencialistas, justamente chamados, e justamente criados, porque o papel do Estado é assistir ao cidadão, prover, cuidar e permitir que se desenvolva e deixe de receber passivamente e passe a cobrar.

Um beijo

Liane


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