Meus caros, verdade seja dita: Tropa de Elite 2 não é tão bom quanto o primeiro. Não chega a decepcionar, o filme é bem feito, o roteiro guarda surpresas que te prendem, Wagner Maravilhoso Moura continua maravilhoso, enfim, a receita funciona. O filme mostra uma realidade assustadora sobre a sociedade e o sistema político brasileiro, está tudo lá, não podemos negar nada daquilo, qualquer pessoa relativamente bem informada sabe que as coisas são como o filme mostra, mas preferem não ver. Muita gente preferiu não ver o primeiro filme, e certamente não verá esse. A violência que ambos mostram não é tão diferente daquela que vários outros filmes estrangeiros mostram na televisão. O problema é que aquele é o nosso mundo, aquilo é Brasil, ali está o drama social que vivemos, e isso nos perturba muito. O que podemos fazer para mudar, para corrigir? Pouco, ou quase nada. O filme já faz muito ao expor a realidade ao Brasil inteiro, com todas as cores.
O filme se passa nos dias de hoje, mais de uma década depois do primeiro. A violência mudou? Não. Para o favelado, então, pouca diferença faz. A mudança está no fato de que o principal agente do crime não é mais o traficante, mas a própria Polícia Militar do Rio de Janeiro, cujos membros organizam as milícias, que tomaram o lugar do traficante no morro. Por quê o primeiro filme é melhor que o segundo, se nos mostra uma realidade até mesmo defasada? Eu achei o primeiro mais fiel à realidade, mostrada de forma crua, entrando na favela por caminhos sinuosos, uma câmera firme, com imagem granulada, quase nos bota dentro da ação, nos tornamos parte do filme. O segundo filme tem uma cena maravilhosa, mostrando de helicóptero uma ação policial na favela, chega a lembrar Apocalipse Now, e tem vários outros momentos bem filmados, mas cai num certo maniqueísmo. Alguns personagens não convencem de maneira nenhuma, o governador é patético, e achei o próprio drama que Nascimento vive com seu filho adolescente mal explorado. O primeiro filme é perfeito ao mostrar a realidade, e o segundo cria uma novela das oito para fazer o mesmo. O primeiro é um clássico, maravilhoso, enquanto o segundo é um bom filme. Vale a pena ser visto, sem dúvida, mas não é tão bom quanto o primeiro. Essa é minha modesta opinião. Abraços do Cavalcanti.
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