Tudo junto e misturado

Alexandre Macieira / Riotur
Esgotados – Última edição do Rock in Rio, outubro de 2011. Neste ano, os ingressos acabaram cedo

O rock ainda queria mudar o mundo, quando foi realizado no Brasil, em janeiro de 1985, a primeira edição do Rock in Rio. No ano anterior, dois megaprojetos com artistas ingleses e americanos – os shows do Live Aid e USA for África– tinham mobilizado o planeta para arrecadar fundos que aliviassem a fome e a miséria na África. Milhões de discos foram vendidos e pelo menos os jovens da época se tocaram da tragédia cotidiana na maioria dos países africanos. Havia ainda um puritanismo tão exacerbado que a inclusão de Erasmo Carlos no dia das bandas de metaleiros do festival carioca causou tanta indignação que as vaias impediram sua apresentação.

Ney Matogrosso também encarou as vaias na Arena de Jacarepaguá – os gritos de protesto, todavia, foram ponderados e não chegaram a interferir na apresentação. Em 1991, Lobão não teve mesma sorte. Escolhido para se apresentar no “dia do metal”, tocou logo depois do Sepultura. Na segunda música, começaram as vaias. Nesta edição de 2013,  dificilmente ocorrerá algo parecido. O Rock in Rio virou um parque musical, conectado com o mundo digital e com preocupação de deixar todo mundo feliz. E é isso que o público parece querer – todos os ingressos foram esgotados semanas antes do início.

Criado no Brasil, o Rock in Rio se tornou um dos maiores eventos música do mundo. Hoje, existem edições em Madri, Lisboa e Buenos Aires – primeira vez, neste ano. O pelotão de frente das atrações internacionais, que se apresentam até dia 22 de setembro, inclui Beyoncé, Justin Timberlake, Bruce Springsteen, Alice in Chains, Bon Jovi, Ben Harper, Iron Maiden, Slayer, Metallica, Rob Zombie, Offspring e John Mayer. No bloco brasileiro, misturas inusitadas, como Zé Ramalho com Sepultura e Ivan Lins e George Benson. Entre novos e veteranos, foram escalados BNegão, Elba Ramalho, Frejat, Moraes Moreira, Nando Reis, Zeca Baleiro e Zélia Duncan, entre outros.

O festival foi dividido em quatro segmentos. Palco Mundo é reservado a grandes apresentações. Por isso, a imensa estrutura erguida no centro de todos os eventos paralelos. Uma das novidades é o telão central de 20 m x 16 m, que dará a impressão de uma cortina de imagens. Pelo segundo ano consecutivo, o Rock in Rio terá o Palco Sunset, com encontros entre grandes nomes da música e novos artistas.

Fora do roteiro de shows, o Rock in Rio terá atrações, no mínimo, esquisitas para um evento assim: mágicos, malabaristas, sapateadores irlandeses e música celta, apresentados em um espaço que reproduz uma rua de Londres. Roberto Medina, presidente e idealizador do Rock in Rio, afirma que a proposta do Sunset é mesclar estilos musicais, como hip-hop, pop, soul, punk, heavy metal, samba e MPB. “É um espaço criado para realizar encontros únicos, além de proporcionar uma experiência agregadora para o público. Temos um evento de massa, mas com um conteúdo diferenciado. Ouso até dizer que só o cartaz desta edição do Sunset seria capaz de segurar um festival sozinho.”

 


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