“Os gays também foram criados à imagem e semelhança de Deus, eu não adoraria um Deus homofóbico”. Essas são palavras de ninguém menos que o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da paz, em uma belíssima carta publicada pelo Washington Post. Poucas pessoas atuaram de forma tão corajosa quanto ele no brutal processo de combate ao apartheid e unificação da África do Sul. Tutu é arcebispo da Igreja Anglicana local, não é sacerdote católico, Ratzinger já o teria amordaçado em algum porão do Vaticano, se não o eliminasse num beco escuro. Palavras claras e firmes em nosso favor, ditas por um profundo conhecedor da bíblia e do cristianismo, são um alento raro. Lembro a vocês que na Igreja Anglicana os pastores se casam como homens normais, e, na Grã Bretanha, sob a proteção de Elizabeth II, até mesmo os pastores anglicanos gays vivem publicamente com seus parceiros.
A Igreja Católica gasta fábulas com advogados de primeira linha para defender seus padres pedófilos, não hesita em acobertar seus crimes, mas condena somente os gays, simplificando desta forma a pauta de votação. E, mesmo vivendo às turras, católicos e evangélicos estão de acordo quando somos nós o tema: detestam-nos inequivocamente. Detestam? Sim, e vocês podem perguntar “Mas Jesus não nos disse para nos amarmos uns aos outros como ele nos amou?”. De fato, assim está escrito, e o próprio arcebispo ganhador do Prêmio Nobel indaga: “Mostrem-me onde Cristo disse ‘Amai ao próximo, mas não aos gays’?”. Não existe nos textos sagrados nenhuma palavra de Jesus condenando os homossexuais, o que obriga alguns intérpretes da bíblia a malabarismos, em dúbias menções a textos menores, incorrendo, sempre, em graves contradições. Quando Jesus voltar à terra corre o risco de ser recusado pela Igreja por pregar o amor e a fraternidade sem nenhum excludente, é bem capaz que aleguem que ele é judeu e não fez o catecismo. Mas tudo bem, desabrigado ele já não ficará, a África do Sul poderá recebê-lo, com as bênçãos de seu maravilhoso arcebispo.
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