Um ano após tragédia em Mariana, ONU pede ação urgente

Imagem aérea do distrito de Bento Rodrigues. Foto: Fred Loureiro/Secom ES
Imagem aérea do distrito de Bento Rodrigues. Foto: Fred Loureiro/Secom ES

Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas (ONU) pede ação imediata do governo brasileiro para resolver os impactos do “colapso letal” da barragem da Samarco, empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton. A tragédia, que completa um ano amanhã, aconteceu no distrito de Bento Gonçalves, a 35 km do centro de Mariana, em Minas Gerais. Considerado o maior desastre ambiental do Brasil, o rompimento da barragem causou a morte de 19 pessoas e prejudicou seriamente a fauna e a flora da região.

“Na véspera do primeiro aniversário da tragédia, de propriedade da Samarco, instamos o governo brasileiro e as empresas envolvidas a dar resposta imediata aos numerosos impactos que persistem, em decorrência desse desastre”, disseram os peritos Dainius Püras, Michel Forst, Victoria Tauli-Corpuz, o brasileiro Léo Heller, entre outros especialistas, no documento sobre o assunto.

Os peritos afirmam que os danos ambientais não foram solucionados, incluindo o “acesso seguro à água para consumo humano, a poluição dos rios, a incerteza sobre o destino das comunidades forçadas a deixar suas casas”.

A entidade também exige resposta das empresas envolvidas. “Destacamos ainda as conclusões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), indicando que os esforços das empresas envolvidas – Samarco, Vale e BHP Billiton – para deter os contínuos vazamentos de lama da barragem de Fundão, no Estado de Minas Gerais, estejam sendo insuficientes”, dizem. “Receamos que mais rejeitos possam atingir as regiões quando a temporada chuvosa iniciar, daqui a algumas semanas”, alertam.

Para os peritos, outra solução urgente deve ser o do destino das comunidades afetadas. “Estamos preocupados também com o destino das comunidades que foram forçadas a abandonar suas casas devido ao desastre”, dizem. “Após um ano, o processo de reassentamento está longe de concluído. Devem ser tomadas medidas de restituição e reassentamento que incluam a reinstalação de povos indígenas e comunidades locais deslocados para terras, territórios e recursos de igual qualidade, tamanho e estatuto jurídico às terras de onde foram forçados em decorrência do desastre.”

Começou ontem, 3, em Mariana o Encontro de Atingidos da Bacia do Rio Doce, que reúne 800 pessoas de diversas comunidades afetadas pela tragédia. O evento, organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também conta com a presença de lideranças políticas, representantes de movimentos populares da América Latina, artistas e religiosos. A programação segue até amanhã, 5, quando uma caminhada em Bento Rodrigues encerrará atividades. O objetivo é discutir coletivamente a situação dos atingidos pelo desastre. Entre os relatos apresentados, a negação de direitos e o descaso da Samarco são as reclamações mais recorrentes.

CONTEÚDO!Brasileiros – Leia matéria especial sobre o vazamneto de lama em Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil


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