Um balanço e uma prévia

Chegamos ao 5o ano da revista Brasileiros e aqui debulhamos, feito feijão na terra, as palavras do falar regional, do natá, das festa, das compras, dos presenti, do paotoni, do papainoé e da árvore de Natal nossa, que não tem neve, mas calor de goiaba, manga, jambo… Falamos de Carlos Nejar, Gilberto Freire, Marcelino Freire, Daniel Lima, viola, tio Gu, internet.

Tentamos, nas palavras nossas, dizer o jeito que elas se arrumam na boca e na escrita, da prosa ao verso, como:

Osga, bola, carapanã – Amazonas
Os candangos – Brasília
Dar rata e coró – Goiás
Abraçin e pixé, axi – Pará
Rudela, zilado – Maranhão
Diango, fedendo a Teresa – Piauí
Pitéu e botar boneco – Ceará
Do xero, quebra panela – Paraíba
Pitôco – Alagoas
Arreata – Tocantins
Boitatá – Roraima
Uai e quencosô – Minas Gerais
Xerin dos acarajés de mainha – Bahia
Treisou, trevuada – Sergipe
Girmum – Rio Grande do Norte
Bodirolo e cartola – Pernambuco
Fra fru e mermo – Rio de Janeiro
O “i” paulista entre m-e-n-t, como
indolentemeinte – São Paulo
Tilt e taruíra, pão di sal – Espírito Santo
Baleia e bolicho – Mato Grosso e Campo Grande
Bah tche, de Célio Liviano – Rio Grande do Sul
Alemão, apá – Santa Catarina
Liete kente – Paraná

Vamos apalavrar muito mais, dizendo moda de viola, que se estica por todo o Brasil com causos de humor e tristeza. Ou seja, a vida como ela é sentida.

• “É que a viola fala alto no meu peito humano
E toda moda é um remédio pros meus desenganos.(Os Fagundes)

• “É que a viola fala alto no meu peito, mano.
(Rolando Boldrin)

E assim, meio salada para o Natal que somos no dia a dia da palavra, vamos dar uma prévia de nossas próximas conversas.

• Os povos kaiowá-guarani dizem sermos nós fruto da palavra sonhada e assim nos constituímos por e nela – a palavra. Vamos mergulhar nisso por meio do que nos aponta Graciela Chamorro.

• Também veremos Ivone Benedetti, que esconde sua poesia de qualidade na sua obra Tenho um Cavalo Alfarraz (Ed. Martins Fontes, 2011).

• E Luiz Ruffato com sua escrita poética: “Deus que é Deus caminha felino pelo jardim, joga dados na casa vizinha…”.

• Veremos ainda as observações de Antonio Prata na internet. “Serah? Sei naum… Tvez eu seja antiquad, 1/2 pessimista, + gost da nossa lihngua e de tdos os pqnos dtalhes. Screvam como quiserm, c comuniquem na lihngua da internet, em cohdigo Morse ou c/ hierohglifos egihpcios…”.

E, apropriando-se de Prata: “Felisssss natau []s e ateh a prohxima edissaum”.


*É paraibano, mestre e doutor pela ECA-USP. Professor de Teoria Literária na Anhembi Morumbi, professor colaborador da ECA-USP, Fundação Escola de Sociologia e Política-FESP, além de contista e poeta com livros publicados (paulo@brasileiros.com.br).


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.