Um padre para o século XXI

Meus caros, não saltem em  jubilo, pois não sumi não, apenas estive fora. Tal qual filho pródigo, ou marido safado, acabo sempre voltando. Afinal, não posso mais deixar passar uma grande curiosidade de minha vida, que vem na pessoa bastante singular do Padre Marcelo Rossi. Ele, já abalou as (surradas) estruturas do Vaticano, que há tempos tenta enquadrá-lo em território mais estreito, mas o homem, do alto de seu metro e muito de altura, sempre acaba se safando,e ganhando terreno. Falo de muito terreno, mesmo, pois o já enorme  galpão de Santo Amaro, onde iniciou o Santuário do Terço Bizantino, ficou pequeno, e, com doações da comunidade, e dinheiro público, está construindo algo enorme ali perto, que já chama de Santuário Mãe de Deus, para nada menos que 100 mil pessoas, projeto de Ruy Otake. Recomendo que visitem o site dele para ter uma idéia: http://www.padremarcelorossi.com.br . Sim, ele já virou um triplo ‘w’, com sucesso. Seu último livro, Ágape, é campeão de vendas, capaz de causar inveja a Paulo Coelho.  Aliás, é um fascinante duelo de titãs!

Ele é bonitão, tem olhos azuis lindos, e é imenso. Muitas pessoas, devotas e devotos, se atraem por sua figura, mormente quando paramentado para a missa. Afinal, paramentos e liturgia são especialidades da  Igreja Católica há séculos, lá estão as catedrais e as  velhas igrejas da Europa, cujas missas inspiraram Mozart, e que botariam Andrew Lloyd Webber no chinelo.

Pois podem acreditar, ele já foi meu instrutor de musculação! Os olhos azuis me deram atenção exclusiva! Não é segredo nenhum, ele mesmo conta que, antes de virar Padre, foi professor de Educação Física, e era Instrutor em uma academia chamada, salvo engano, Polé  Training Club (antes chamou-se Maraton), que ficava na rua em que eu morava, Horácio Lafer, coração do Itaim.  Ele me ensinava a ganhar massa muscular,  engrossar os braços, abrir os peitorais, coisas assim. Ele vestia uma camiseta bem justa, mostrando o corpão, e tinha um catwalk próprio dos fortões. Mas os olhos o traiam, ele, de fato, não era daquele mundo. Sai da academia no verão, e o perdi de vista. Não por muito tempo.

Padre por Padre, sou mais James Alison, sobre quem já falei aqui, e por razões óbvias. E, embora cristão, não posso me dizer  um católico, tal como Ele prega, eis que segue ainda os ditames de Ratzinger, que, a meu ver, serve ao Outro, e não a Cristo. Mas, na miscelânea católica de hoje em dia, na qual conheço figuras teratológicas, ele, com aqueles olhos, não me parece ser do mal, pelo contrário.  Ouso dizer, e sempre que o faço tomo porrada, pois reitero, que ele é do bem.  Sei que ele chamaria a mim, homossexual assumido, de pecador, mas não estou certo se pensa assim, ou se o faz apenas obedecendo à severa hierarquia  a que se prendeu. Já estive perto dele, em tempos de antanho, grande ironia do destino, e, guardadas as nossas divergências religiosas, o respeito. Fico por aqui, pois sei que discutir catolicismo é algo que tende ao infinito, a própria Igreja Católica o faz até hoje, e, como disse o Cardeal de Paris a Napoleão Bonaparte, nem eles conseguiram destruí-la. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

6 respostas para “Um padre para o século XXI”

  1. Acabei de conhecer seu blog e estou achando seus textos muito bons, de uma sensibilidade e lucidez combinadas (o que não é comum de se encontrar) de forma tocante!
    Até suas respostas aos comentários são dignas de aplausos; pois mesmo a quem vem aqui com algum intuito provocativo/depreciativo, você responde de uma forma educada e, ao mesmo tempo, sem “dar corda” para a pessoa. Parabéns!

    1. Cris, adorei teu comentário, era tudo o que eu precisava ler. Mais um desses, e te convido para ser colaboradora. Abraço carinhoso do Cavalcanti

  2. E no banheiro da academia, o instrumento dele era bacana?

    1. Bruno, sabes qual o melhor da história? Qual a razão pela qual escrevi a coluna? É que não rolava nada disso, e sei, pelos amigos da Diocese que o rodeiam, que ele continua igual. Critiquemos (faço-o com veemência) a Igreja, mas busquemos os homens lá de dentro. Leia o post sobre o padre James Alison – link neste texto.
      LC

  3. Achei este post confuso, sem objetividade.
    O padre em questão afirmou certa vez que a ciência ainda provaria ser a homossexualidade uma doença.Visão obtusa para quem quer se mostrar esclarecido.
    Acredito que Paulo coelho não sentiria inveja pois quem compra seus livros realmente o lêem e o livro do dito padre muita vezes são presenteados por pessoas fanáticas e ficam esquecidos numa gaveta posto que muitas são analfabetas, além de que tal vendagem é resultado de um “markenting” feroz.
    P.S. Gostos não se dicutem, contudo o acho extremamente feio. asustador mesmo.

    1. Luis, como dissestes: gosto não se discute. Só quis mostrar um lado do padre que testemunhei pessoalmente há anos. Conhecendo a Igreja Católica, já vi teratologias que o tornam um liberal moderado.
      Abraços do Lourenço

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