Crise no Paraguai se intensifica e país tem ‘dois presidentes’ nesta segunda-feira

O Paraguai tem nesta segunda-feira, dia 25, dois presidentes. O novo, o liberal Federico Franco, que fez o juramento em  uma cerimônia realizada no palácio presidencial depois de tomar o poder em um processo de impeachment, e o velho, Fernando Lugo, que formou um gabinete paralelo e reitera sua intenção de retomar o poder.

O juramento de Franco e de nove ministros, a maioria do Partido Liberal, aconteceu no mesmo momento em que terminava a entrevista coletiva de Lugo após a criação de um gabinete paralelo que, segundo Lugo, será encarregado de “monitorar” os novo governo.

O ato oficial demorou 15 minutos para começar justamente quando Lugo terminava sua entrevista coletiva na sede do minoritário Partido País Solidário, do esquerdista Frente Guazú. Na ocasião, o ex-presidente paraguaio insistiu em dizer que foi vítima de “um golpe de Estado parlamentar” e que Franco “não tem nenhuma autoridade”.

O ex-bispo disse que haverá mais reuniões como a de hoje, do chamado “gabinete pela restauração democrática”, para reunir “todas as forças que querem resistir” à tomada de poder por parte de Franco.

“Queremos nos transformar em fiscais observadores para monitorar os novos ministros”, comentou Lugo, que ressaltou que buscarão a “restituição da ordem democrática” com apoio de uma resistência cidadã pacífica.

A maioria dos colaboradores que participaram da reunião com Lugo são ministros e secretários de seu Executivo e pertencentes à Frente Guazú, que sustentava o Governo do presidente destituído junto ao Partido Liberal.

Lugo também revelou que conversou com a presidenta argentina, Cristina Kirchner, para assegurar sua participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada nos dias 28 e 29 na cidade de Mendoza, uma reunião que o Paraguai acabou sendo excluído. “O presidente Lugo está solicitando sua presença nessa reunião para poder explicar o que ocorreu no Paraguai”, disse o próprio ex-mandatário em terceira pessoa.

Os governos da Argentina, Bolívia, Venezuela Chile e Colômbia consideraram o impeachment de Lugo ilegal. Kirchner classificou o processo de golpe de estado. Chile e Colômbia convocaram seus embaixadores no Paraguai a deixar o país.

Ato oficial

Enquanto Lugo luta para voltar o poder, Franco deu posse a nove novos ministros nesta segunda-feira. Só dois dos novos ministros de Franco, os da Agricultura, Enzo Cardozo; e da Indústria, Francisco Rivas, faziam parte do Executivo de Lugo,

Os demais ministros do novo Executivo paraguaio são: José Fernández, das Relações Exteriores; Carmelo Caballero, do Interior; Horacio Galeano Perrone, de Educação e Cultura; Enrique Salyn Buzarquis, de Obras Públicas, e María Liz García, da Defesa Nacional, a primeira mulher a ocupar este cargo no país.

Também assumiram os ministros de Saúde Pública, Antonio Arbo, e da Justiça e Trabalho, María Segóvia.

Cinco ministros escolhidos para o novo governo pertencem ao Partido Liberal, enquanto o titular da Educação está inscrito no Partido Colorado e o da Defesa no “oviedista” Unace, segundo a imprensa local.

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