As galinhas não apareceram na fotografia, mas estavam lá. Foram quatro galinhas, três elefantes e um palhaço. Para protestar contra o peso da ditadura, relembrar a invasão da PUC em 1977 e refletir sobre a universidade brasileira, os animais e o palhaço foram a atração de ato no dia 22 de setembro de 1983 em frente do Tuca, o Teatro da Universidade Católica.
“A universidade brasileira – se cobrir é circo, se cercar é hospício, se ficar do jeito que está, vira Campus de Concentração”, diziam cartazes espalhados pela universidade. Seis anos antes, tropas da Polícia Militar tinham invadido o campus durante um encontro nacional que tentava reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Comandadas pelo coronel Erasmo Dias, então secretário da Segurança, as tropas atacaram com cassetete e bombas de gás lacrimogêneo. Depredaram a sede da universidade e, desfechando golpes e pancadas, prenderam cerca de 900 pessoas, que foram levadas para o Batalhão Tobias de Aguiar, a Rota, na avenida Tiradentes, no centro da cidade.
Não por acaso, na manifestação organizada pelos estudantes seis anos depois, as quatro galinhas, enfeitadas com fitas verde-amarelas, simbolizavam personagens apontados como responsáveis pela invasão: o coronel Erasmo Dias, o ex-governador Paulo Egídio Martins, o ex-prefeito Olavo Setubal e o ex-delegado chefe do Dops, Romeu Tuma.
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