A história da música popular brasileira e da energia elétrica no Brasil estão intimamente ligadas. A relação é tão clara que “o primeiro samba se chama ‘Pelo Telefone’”, como explica o musicólogo Zuza Homem de Mello. É ele quem assume, ao lado do cenógrafo Gringo Cardia, a direção do espetáculo “100 Anos de Luz & Som – Um Século de Música Brasileira em Uma Noite”, que acontece nesta terça-feira, dia 20, no Teatro Alfa, para celebrar o centenário da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). A entrada é apenas para convidados.
Como em uma linha do tempo, o show conta a história da energia no Brasil durante cem anos, focando principalmente a trajetória de nossa música. Cantores e instrumentistas escolhidos por Homem de Mello – entre eles, Bruna Caram, Filipe Catto, Marcos Sacramento, Mariana Aydar, Pélico, Proveta, Renato Braz e Zé Renato – sobem ao palco para interpretar canções representativas do maxixe, do samba-canção, das marchinhas, da bossa nova e assim por diante, chegando até o rock dos anos 1980 e a música dos anos 2000.
O desenvolvimento de cada um desses gêneros, segundo o pesquisador, nunca se desligou das possibilidades tecnológicas (logo, energéticas) dos períodos históricos, seja no que se refere às influencias, às técnicas de gravação ou à difusão das músicas. Primeiro veio a rádio, nos anos 20, e os gramofones, seguidos pela televisão, pelo CD, pela internet etc. Isso sem contar o desenvolvimento de instrumentos e equipamentos de estúdio, como mesas de som e microfones cada vez mais modernos.
Nesse sentido, Homem de Mello explica, por exemplo, que o surgimento da bossa nova, com João Gilberto e Tom Jobim, esteve diretamente ligado à captação sonora de voz e instrumentos. “Foi uma grande revolução que tem muito a ver com o aperfeiçoamento da técnica de reprodução sonora. O microfone já podia captar de uma maneira muito mais clara e definida, e com isso não era mais necessário que o cantor tivesse uma voz potente”, conta, se referindo à geração anterior de grandes cantores, como Orlando Silva.
Apesar de acontecer em apenas uma noite, o espetáculo será gravado e distribuído em escolas, universidades e centros culturais. Ficará registrado, portanto, o show apresentado junto ao material produzido por Gringo Cardia, com animações, colagens e documentos que serão projetado em um telão de LED de 12 por 6 metros. A ideia é reproduzir, de modo criativo, a atmosfera dos últimos cem anos da cena brasileira.
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