Greg Louganis é uma figura mitológica no meio gay, um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos, e um dos meus ídolos. Mencionei-o na semana passada, e acabo de ver uma entrevista dele no Advocate.com. Mergulhador de saltos ornamentais e homossexual, assim como Matthew Mitcham, bateu o recorde histórico de seu esporte, ganhando 5 medalhas em Jogos Olímpicos, sendo apenas uma de prata e 4 de ouro. Ninguém, fora do time olímpico americano, sabia que ele era gay, sair do armário era impensável na década de 1980, ele se impunha sendo um atleta fantástico, o resto que calasse a boca, e calaram. Os filmes dele saltando são incríveis, vários deles disponíveis no Youtube. Ele era um gatão, corpo incrível de atleta, sorridente, carismático, só de sunga (fetiche total), eu ficava fascinado.
Poucos meses antes dos jogos de Seoul ele foi diagnosticado como soropositivo, o que era sentença de morte, ou assim se pensava, mas conseguiu manter a cabeça focada, e conquistou todas as medalhas que disputou. Na final da disputa pelo ouro na categoria trampolim, Louganis protagonizou um dos momentos mais dramáticos da história dos Jogos, pois errou ao saltar, e bateu com a cabeça na prancha, caindo feio na água. Poderia ter morrido, mas deu dois pontos na cabeça, saltou de novo, e ganhou o ouro. Ele escreveu um livro de memórias em que abre o jogo e conta toda sua vida, da própria aceitação como gay, saber-se dislexo na escola, a vida como HIV positivo, as relações amorosas fracassadas, problemas com álcool e cocaína, enfim, não teve vergonha nenhuma de tirar a máscara e expor suas fraquezas, mostrando que não existe super-herói, sequer ele o foi. Tornou-se um exemplo maravilhoso de coragem e superação para centenas de milhares de gays mundo afora. Ainda está saudável e competindo em esportes variados, isso é militância pura, mostrar sua própria vida – e que vida – com tamanha honestidade. Ele está aí, até hoje, melhor exemplo, impossível. Precisávamos de mais alguns como ele.
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