Retrospectiva 2009 – o lado B da notícia
Em janeiro, Barack Obama tomava posse e trazia novos ares de esperança aos EUA e ao mundo. O site da Brasileiros contou a história de uma jovem, filha de pai brasileiro e mãe americana, e sua participação no momento histórico.
Isabel Pereira de Almeida será mais uma na multidão de pessoas que assistirá à posse de Barack Obama direto de Washington, na terça-feira (20). Na fria capital federal, ela vai presenciar um momento histórico, único, entre milhões de pessoas, de todos os cantos dos Estados Unidos e até do mundo. A exemplo de cada uma das pessoas que estará na posse do 44º presidente dos EUA, ela tem sua própria história de vida.
Filha de pai brasileiro e mãe norte-americana, Isabel nasceu nos Estados Unidos, mas tem cidadania brasileira também. O pai, José Luiz, tem cidadania norte-americana e votou pela primeira vez nos EUA nas eleições de 2000. Com o pai, Isabel aprendeu a falar e a escrever em português, como a irmã, Andrea, dois anos mais velha do que ela. Conhece e já morou no Brasil, onde vem para visitar a família de tempos em tempos. A mãe, Kathy, também fala e entende bem a língua portuguesa.
Hoje, Isabel estuda na The Ohio State University, em Columbus, capital de Ohio, mas antes morou na pequena Bowling Green, também em Ohio, cidade onde seus pais ainda residem. Quer ser médica e sonha fazer parte do grupo dos “Médicos Sem Fronteiras”, organização de profissionais voluntários que ajuda populações de países em situação de guerra ou de países pobres com graves epidemias. Antes, porém, Isabel participou ativamente de outro sonho, este coletivo: eleger Barack Obama.
Até então, Isabel nunca tinha se envolvido com uma campanha presidencial, apesar da mãe, Kathy, ser uma democrata declarada. Em agosto de 2008, ela se inscreveu para ser voluntária em Bowling Green na grandiosa campanha de Barack Obama. A pequena cidade contava com um comitê democrata e Isabel estava disposta a ajudar. Em julho, quando foi se matricular na Ohio State University, havia se entusiasmado com o clima de eleições em Columbus, onde o pessoal do partido democrata se desdobrava para informar os eleitores da necessidade de se registrar para votar no pleito de 4 de novembro. Durante mais de um mês, Isabel fez o mesmo no comitê de Bowling Green.
Depois, a faculdade em Columbus começou e ela não abandonou a campanha. Ao contrário, na primeira semana já se ofereceu para ser voluntária no grande comitê de Obama, ao lado do campus da faculdade. O trabalho de Isabel continuava: “Você está registrado para votar? Você já votou?”. Ao lado de muitos outros jovens que, pela primeira vez, se engajavam numa campanha presidencial, ela se mobilizava para eleger o primeiro negro para o cargo mais alto do país. Aliás, mobilizar os jovens foi uma das virtudes da campanha de Obama. Além do trabalho de registrar ou lembrar as pessoas sobre as eleições, Isabel também batia porta a porta para conversar com eleitores sobre o candidato democrata e suas propostas.
O grande dia chegou e… Bem, o único detalhe importante sobre a história de Isabel é, na verdade, que ela não pôde votar! Isso mesmo. Com 18 anos completados somente em dezembro, ela não tinha o direito de votar (nos EUA, somente pessoas acima dos 18 anos votam). Mesmo em dia de eleições, ainda havia trabalho a ser feito. Convencer pessoas, relembrar sobre a importância do voto e aguardar o resultado. Conhecido o “happy end”, festa e lágrimas. O telefonema para a mãe democrata. As duas num choro alegre, separado por gerações, mas unido na realização do sonho comum. Isabel sentiu orgulho de ter feito parte de tudo, mesmo sem votar.
Na última semana, Isabel soube de um grupo da faculdade que realiza um trabalho voluntário todos os anos em Washington, durante o feriado de Martin Luther King. O trabalho é feito pelo instituto social do ex-senador John Glenn, ligado à Ohio State University. Na data, os voluntários visitam hospital com pacientes de câncer, além de distribuir comida para os necessitados na capital federal, entre outras atividades. Isabel conseguiu um lugar na viagem, partiu para Washington no sábado e agora, além de ajudar pessoas, como fez o novo presidente nesta segunda-feira (ajudou a pintar paredes de casas), vai presenciar a posse de Barack Obama. Ela ainda não sabe o turbilhão de emoções que a aguarda neste dia 20 de janeiro de 2009. Testemunha da história.
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